No último dia 26 encerrou-se a batalha travada pela vida. Após 17 dias internado na Santa Casa de Misericórdia de Jales, o Dr. Sebastião Biazi, ou simplesmente Dr. Biazi, faleceu em decorrência de complicações ocasionados pela COVID-19. As breves palavras aqui não têm como intenção causar melancolia ou tristeza ao leitor. Ao contrário, demonstrar, de forma puramente fria como a tinta no papel de fato é, como o delegado operacional Dr. Biazi era um homem caloroso, atencioso e preocupado com o bem estar da sociedade.
Com mais de 30 anos de profissão, com idade suficiente para aproveitar o ócio de belas e merecidas férias, permaneceu na ativa até enquanto pôde. Mas esse comportamento é inerente as pessoas como o Dr. Biazi, a começar pela formação acadêmica: formado inicialmente em Economia, ofício com preocupação para o coletivo. Após fez o curso de Direito e nesse meio tempo, se dedicou a carreira política, sendo vereador na cidade de Palmeira D’oeste, onde tem ampla família. Advogou por breve período. Com a abertura de concurso público de provimento de cargos de Delegado, resolveu prestá-lo, o que culminou com a sua aprovação, trazendo benefícios, de outra forma, em prol a sociedade, de combate à criminalidade, devolvendo a paz social que imensa maioria almeja.
Nas poucas vezes em que estive no local onde o Dr. Biazi estava notei que era impossível não notar a presença do delegado. Não só pela estatura física ou pelos inseparáveis óculos escuros, adicionado ao uso recorrente de roupas e acessórios habituais da Polícia. A sua presença era marcante pela educação e atenção dada as pessoas ao seu entorno, sendo sempre cortês com todos, até com o transgressor penal, que segundo ele, estava ali por alguma infelicidade ou descuido no tratamento com a vida. A punição, se ocorresse, deveria ser encarado como efeito pedagógico.
E podem pensar que a polícia judiciária atua em confronto com a advocacia ou defesa criminal (como atuei algumas vezes). Diante dessa premissa, afirmam: a polícia não deve e não pode facilitar o trabalho da defesa criminal. Ledo engano. Dr. Biazi fazia questão que a defesa exercesse plenamente o seu direito, fazendo, por vezes, a exigência de advogado na oitiva do acusado. Ou seja, respeitava as prerrogativas do advogado com veemência, talvez por já ter exercido a profissão árdua da advocacia e compreender o trabalho que temos.
Como dito inicialmente, o objetivo dessas breves e simplórias palavras são para elevar a pessoa que foi o Dr. Biazi. E tentar incentivar o leitor a ter o mesmo perfil de dedicação e amor ao ofício que faz, sempre com a meta de pró coletividade, para ser exemplo e admirável a outros, com a conclusão de que, como diz Cury “o ser humano não morre quando seu coração para de bater, mas sim quando deixa de se sentir importante”.
Não posso deixar de alertar que, apesar dos índices de contaminação, internação e mortes da COVID-19 estarem em constante redução, a morte do Dr. Biazi, atleta, praticante musculação e natação quase todos os dias, não fumante e não consumidor de álcool e com o esquema vacinal completo, revela que não devemos nos descuidar do vírus, ainda traiçoeiro.
Ao final, aqueles que não conheceram o Dr. Biazi, o pacificador, certamente ouvirão por durante um bom tempo histórias desse sujeito emblemático, detentor do título de cidadão jalesense, na busca incessante do combate ao crime. Já eu, como conheci, ao contar a sua história, posso dizer que andei com gigantes. Posso dizer que vivi na época do Dr. Biazi, o Rambo jalesense. Descanse em paz Dr.
- Gustavo Alves Balbino (Advogado, Especialista em Direito do Consumidor, Mestre (Stricto Sensu) em Ciências Ambientais, e-mail: [email protected])