Reflexões sobre mulheres de 50+

Quando fiz 30 anos, sorri. Estava na plenitude. Pessoalmente madura, segura das minhas escolhas, com a carreira consolidada e o reconhecimento profissional em alta. O casamento e o nascimento dos meus filhos nessa década completaram a minha alegria.
Quando fiz 40 anos, chorei. Como um raio, me veio a ideia de que eu não viveria mais essa mesma quantidade de anos. Pensei: “agora é só ladeira abaixo”. Nas minhas contas, como a idade média dos brasileiros está na faixa dos 70 anos, imaginei que não chegaria aos 80.
As noites eram um sofrimento. Eu chorava rezando, pedindo a Deus que me concedesse vida o suficiente para criar meus filhos. Acho que Ele me ouviu e se comoveu. Mas a morte do meu pai nessa década marcou mesmo esse período como sendo de dor.

Quando fiz 50 anos, ganhei brilho nos olhos. Uma paz interior que não consigo explicar, só sentir. Tudo perdeu a urgência. Acabou a ansiedade. Calmaria e autoconhecimento. Nem a menopausa, que mudou drasticamente o meu corpo, foi suficiente para tirar a minha paz. Ganhei maturidade.


Quando fiz 55 anos, aconteceu uma revolução. Numa sociedade etarista e machista, que exige jovialidade da mulher a ponto de milhões ficarem deformadas com procedimentos estéticos duvidosos em busca da beleza eterna, simplesmente assumi meus cabelos brancos.
Acha pouco? Não é. Todos os dias ainda alguém – homens e mulheres – se acha no direito de me “aconselhar” a pintá-los se eu não quiser “ficar sem marido” ou “ficar sem emprego”. Só sorrio. Talvez aos 60 mande todos à …
Inicio agora meu ciclo dos 56 anos. Não me sinto velha nem envelhecida. A cabeça, aliás, continua na casa dos 20 anos. Tenho muitos planos pessoais e profissionais, além de ideias diferentonas que desejo realizar. E possuo muita energia para isso.
Cada dia mais entendo que a velhice é algo da alma, não do corpo. Uma alma envelhecida pode matar até alguém muito jovem de idade. A fonte da juventude é interna, não externa. Alimentação saudável e exercícios físicos são necessários, mas eles não bastam. É preciso alimentar a alma. Guardem como conselho de alguém que encontrou a felicidade na tranquilidade do passar dos anos.

  • Ayne Regina Gonçalves da Silva (É jalesense. Jornalista com mestrado em Comunicação e Semiótica. Professora especializada em Metodologia Didática. Franqueada da Damásio Educacional em Araçatuba e Birigui)

Comments are closed.