É difícil assimilar a notícia: “Deonel Rosa Júnior faleceu”. Natural de Olímpia, aos 20 anos adotou Jales e por Jales foi adotado. Aqui, fez-se de tal modo irmão, que passou a ser reverenciado como pai, encerrando com veneração seu tempo neste chão, onde, como ele, agora, estão “plantados” muitos outros veneráveis.
“Rosa”, como foi, gerou “sementes”. Filhos não teve, mas constituiu família. Além da esposa, Professora Gema, que se foi antes à morada, onde agora se reencontram, abriu largamente seu coração a uma multidão, com quem se comunicou por meio de rádios, incontáveis eventos culturais e políticos, e seu apreciado “Jornal de Jales”.
Deonel, também, “Rosa” com perfume, foi artífice de relações humanas saudáveis. Seu sorriso foi acolhedor. Sua criticidade civilizada foi humanizadora. Ele, enfim, espalhou “sementes”: belos ideais em muitos corações, sobretudo juvenis, sedentos, como ele, de um país ético, estavelmente democrático e socialmente justo.
Sua sabedoria, humildade, bondade, generosidade e alegria, seu senso de honestidade, cidadania e justiça social, sua dedicação em prol do bem comum e tantos outros valores, testemunham sua fé cristã, nutrida no seio da comunidade católica, com espírito ecumênico, valendo-lhe uma justa homenagem do amigo Dom Demétrio.
“Amigo é coisa pra se guardar debaixo de sete chaves, dentro do coração”. Deonel e Dom Demétrio cultivaram essa amizade especial, cantada por Milton Nascimento. “Ao longo de tantos anos”, diz Dom Demétrio, “habituamos a receber notícias que o repórter nos garantia. Desta vez, ele próprio se fez notícia, deixando-nos perplexos”.
Seu jornal, preparado com esmero, deu rosto a Jales. Sua morte repentina nos obriga a visitar sua história. Que belo exemplo de vida! Soube multiplicar os dons que Deus lhe concedeu. Dom Demétrio o elogia: “fiel a seus compromissos de ser ao mesmo tempo cidadão esclarecido, soube acolher posições de sadia diversidade”.
Deonel e Jales se identificaram mutuamente. Ele tornou-se referência para esta cidade pela qual nutriu paixão, retratando em seu Jornal, com santo orgulho, contínuos sucessos de seus cidadãos comuns. A Diocese de Jales rende-lhe graças especiais por sua devotada atenção jornalística e seus estreitos laços de amizade e colaboração.
Por ele oramos, confiantes de que a vida dos justos está nas mãos de Deus; no dia do julgamento hão de brilhar (cf. Sb 3,1.7). Deonel “Rosa”, cuidado agora pelo “Jardineiro Eterno”, referido por Machado de Assis, em “Quincas Borba”, continuará “exalando perfume”. Seu testemunho de amor continuará nos inspirando.

Dom Reginaldo Andrietta (Bispo Diocesano de Jales Homenagem da Diocese de Jales a Deonel Rosa Júnior)

Comments are closed.