A gente sempre ouviu dizer que precisa dormir oito horas por dia e que só as pessoas com a idade mais avançada dormem menos. Se você dorme pouco, há indicadores de que não existe motivo para se preocupar, pois isso pode não ser verdade. Pesquisas recentes indicam que dormir menos não deve ser um problema grave como muitos pensam.
Recentemente uma reportagem publicada pela BBC mostra os resultados de um desses estudos, realizado pelo pesquisador Louis Ptacek, do Departamento de Neurologia da Universidade da Califórnia, Estados Unidos mostrando que dormir pouco pode até ser um bom sinal, dependendo do caso, é claro.
A questão é genética, afirma o cientista, lembrando que para várias pessoas, dormir pouco não é problema para se sentir descansada e preparada para as atividades do dia, pois isso não é uma questão de comportamento e sim de genes, permitindo que muitos se sintam bem, mesmo dormindo quatro ou seis horas por noite.
O cientista e sua equipe ficaram 25 anos analisando o sono em mais de cem famílias, no começo focado em pessoas que dormem cedo e acordam cedo, mas logo alguns dos pesquisados começaram chamar a atenção pelo fato de dormirem tarde e acordarem cedo, o que ele chama de “corujas notívagas”.
A conclusão é que o número de horas de sono pode não estar associado a um descanso real e isso fez com que essa condição passasse a ser encarada como algo diferente do que se pensava até então.
Os pesquisadores também descobriram quatro genes ligados ao que eles chamam de sono curto natural, mas pode haver mais, difíceis de descobrir, porque esses outros são muito raros. Também não são muitos os que pertencem ao grupo dos que dormem pouco, mas a pesquisa pode revelar o que eles chamam de sono eficiente.
Existem outras vantagens para quem dorme pouco, pois os estudos também revelaram que essas pessoas têm muito mais capacidade de adaptação do que as que dormem mais. O cientista afirma que tem a impressão de que elas são mais saudáveis, o que leva a crer que dormem melhor. Agora é preciso saber por que isso acontece. Ele resolveu introduzir os quatro genes em camundongos com doença de Alzheimer e descobriu que eles ficaram mais resistentes, o que deve levar a estudos também nessa área.
O cientista considera o estudo do sono um verdadeiro quebra-cabeça, pois falta descobrir muitas peças que sua equipe está tentando encontrar, o que não é fácil, pois em cada família pesquisada existe uma variante genética que pode estar por trás dessa questão.
Com tudo isso dá para se pensar que dormir bem é o que importa para podermos acordar no dia seguinte com disposição para as atividades que vamos enfrentar. O importante, como afirma o cientista, é restaurar nossas funções durante o sono. Para que isso aconteça, as pesquisas podem ajudar entendendo como essa eficiência do sono funciona. Ele conclui que isso pode ter um enorme impacto na saúde humana.

Eugenia Ramires (Neuroeducadora)
Blog: ForeSer Neurodiversidade

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