Na sexta-feira (dia 9), quando a seleção brasileira de futebol masculino perdeu o jogo, nos pênaltis, para a Croácia, durante as quartas de final da Copa do Catar, nós, brasileiros, tivemos que adiar, mais uma vez, a grande festa de comemoração pelo hexacampeonato.
Como isso aconteceu? Todos nos perguntamos. O Brasil era uma das equipes favoritas para o título! Tínhamos um bom treinador, um excelente elenco e muitos dos melhores jogadores do mundo, além de uma constelação de estrelas em ascensão. Apesar de tudo isso, não passamos pelos croatas, time de um único jogador-estrela, o Modric.
A derrota inesperada do Brasil (pelo menos na nossa visão otimista) pode ser entendida como uma metáfora da vida. Às vezes, mesmo com tudo planejado, o improvável acontece, nos pega de surpresa, nos atira no chão, de onde não queremos sair porque já estamos tão esgotados por tantas e diversas tristezas. O que fazer, então, com essas nossas decepções?
É certo que os jogadores brasileiros voltarão aos seus times, continuarão recebendo seus salários milionários e, quem tiver idade ou vitalidade, terá nova oportunidade daqui quatro anos. Os seres humanos mortais (como você e eu), muitas vezes não temos nem para onde voltar, nem salário para receber, nem quatro anos para esperar.
Por isso, saber lidar com as decepções precisa fazer parte do nosso cotidiano. Precisamos assimilar os revezes e, como diz a música, levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima o quanto antes, pelo bem da nossa sanidade mental.
Como fazer isso? Quando penso sobre esse assunto, lembro do livro “A bailarina de Auschwitz”, de Edith Eger. Presa pelos nazistas na adolescência, a ginasta e bailarina húngara perdeu o pai e a mãe no mesmo dia que desembarcou no campo de concentração.
Eles foram enviados para as câmaras de gás ao passarem pela triagem de Joseph Mengele. Edith sobreviveu a um dos piores terrores da história da humanidade depois de vencer decepções diárias. Ela ensinou como superou todas: “eu pensava, se eu sobreviver hoje, amanhã será melhor”.
Edith tornou-se psicóloga especializada em traumas ajudando centenas de pessoas, muitas delas soldados que voltaram de guerras.
Já na animação “Divertida Mente”, da Disney-Pixar, aprendemos que cada emoção tem a sua importância — e é necessário saber usá-las da melhor forma possível diante dos desafios. Segundo os especialistas, precisamos ter alegria, mas também dar passagem para a tristeza em determinadas ocasiões.
Importante observar que a personagem Alegria tenta, a todo o momento, sufocar a Tristeza. Parece o mundo atual, onde a felicidade é cobrada em tempo integral, entretanto a melancolia, acreditem, é essencial para encarar e lidar com as dificuldades que surgem em nossas vidas.
Que venham outras copas. Que venham outros títulos. Que venham novas decepções para superarmos.

Ayne Regina Gonçalves da Silva
(É jalesense. Jornalista com mestrado em Comunicação e Semiótica. Professora especializada em Metodologia Didática. Franqueada da Damásio Educacional em Araçatuba e Birigui)

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