Atenção, caro leitor, para as manchetes dos principais veículos de comunicação do país nos últimos dias: 1. “Forças Armadas compraram 35 mil comprimidos de Viagra”. 2. “Exército adquiriu 60 próteses penianas”. 3. “Forças Armadas autorizam compra de remédio contra a calvície”. 4. “Militares reservaram R$ 546 mil do orçamento para botox”.
Eu sei que você, leitor, pode estar pensando que eu estou inventando tudo isso. Eu entendo. É que para qualquer pessoa sã, isso tudo mais parece uma piada ou um novo meme nesse nosso mundo tão moderno. Mas, infelizmente, toda essa distopia é real.
As denúncias já estão sendo investigadas, para desespero de muitos. Se comprovadas, farão parte de mais um grande escândalo de desvio de dinheiro público. E, claro, podem se transformar no maior “exposed” dos nossos bravos soldados. A vergonha será ampla, geral e irrestrita.
E eu que nem sou especialista na velhice dos homens já vou dando um palpite. Nossas Forças Armadas estão enfrentando uma crise sim, mas é de masculinidade. Está faltando hormônio, mas principalmente maturidade para entender e aceitar a velhice.
Claro que todas as vezes que sou atingida por uma dessas manchetes, fico pensando no medo que agora deve estar afligindo todos, mas especialmente aqueles que se beneficiaram das próteses penianas. Será que nos relatórios de auditoria os responsáveis vão informar: “o coronel fulano de tal implantou a prótese tal de tantos centímetros”?
A verdade é que tudo isso poderia ser cômico se não fosse triste. Homens podem ser vaidosos e cuidarem da aparência se medicando para não ficarem carecas. Ou buscando maior potência nos relacionamentos quando o corpo se nega a corresponder com a vontade. Tirar um ruguinha aqui ou ali é até aconselhável porque relaxa os músculos.
E se alguém ainda acredita que tamanho é documento e quer implantar uma prótese peniana, vá lá, isso deve ser uma decisão individual ou do casal. Mas, convenhamos, tudo precisa ser pago com recursos próprios. Nada de desviar dinheiro público para fins particulares.
Enquanto as Forças Armadas compram Viagra, remédio contra a calvície. botox e prótese peniana, tem posto de saúde sem remédio para febre, tem criança morrendo de diarreia, tem gente desfalecendo de fome. Mas eu sei que todos vocês sabem disso. A minha pergunta é: quando vão se indignar?
E antes que me acusem de generalizar afirmando que todos das Forças Armadas são coniventes, deixa eu explicar: nem todos são, mas nós só vamos saber separar o joio do trigo quando os próprios elementos que não fazem parte dos esquemas de corrupção forem os primeiros a apontar os criminosos. A responsabilidade é de vocês.

  • Ayne Regina Gonçalves Salviano (É jalesense. Jornalista com mestrado em Comunicação e Semiótica. Professora especializada em Metodologia Didática. Franqueada da Damásio Educacional em Araçatuba e Birigui)

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