Em 1978, a suíça Magy Imoberdof, sócia de uma das mais famosas agências de publicidade brasileira da época, a Lage, Magy, Stabel e Guerreiro, criou um slogan que dificilmente algum brasileiro vai esquecer.
Quando aqui no país alguém diz “uma boa ideia”, logo a frase é associada à cachaça 51. Assim, 51 virou sinônimo de uma boa ideia.
Neste ano o Jornal de Jales completa 51 anos. E me pareceu uma boa ideia fazer uma breve retrospectiva dessa trajetória para os jalesenses entenderem a importância desta data, não apenas para o jornal, mas para toda a mídia do interior.
Afinal, são raríssimos os casos de veículos de comunicação que sobrevivem fora dos grandes centros por tanto tempo. E são vários os motivos: crises econômicas, interferências políticas e, ultimamente, o que de pior as redes sociais produziram: as fake news, que viralizam e emburrecem.
Por isso é tão importante resgatar o passado. Em 10 de outubro de 1971, no auge da ditadura militar no Brasil, marcada pela censura e violência contra o jornalismo, Francisco Melfi e José Roberto Moreira fundaram o JJ.
E foi de lutas que o jornal se fez. Pela ponte rodoferroviária sobre o rio Paraná, pela sobrevivência da Santa Casa, pela instalação do Hospital do Amor, pela implantação da Polícia Federal, da Justiça do Trabalho e tantas outras conquistas quase inimagináveis para uma cidade de tão pequeno porte.
Ao longo dessas cinco décadas, o jornal sobreviveu – e ainda sobrevive – graças aos assinantes e anunciantes, verdadeiros jalesenses que sabem da importância de ter um veículo de comunicação de tanta relevância regional.
O JJ também sempre teve uma equipe dedicada, que se reveza, mas não perde as raízes, sempre ensinadas pelo mestre Deonel Rosa Júnior, diretor-proprietário na maior parte desse meio século (40 anos).
Diferentemente do que acontece com grande parte dos veículos de comunicação do país, o Jornal de Jales não mantém vínculos econômico-financeiros com lideranças político-partidárias, as quais, muitas vezes, sustentam a mídia em troca de apoio (que sempre interfere na linha editorial).
Ao contrário, houve épocas que nem editais de prefeituras eram publicados nas páginas do jornal, um posicionamento pessoal do Deonel ainda que a prática esteja prevista em lei.
Quem conhece bem o trabalho do JJ também reconhece o seu pluralismo, ou seja, ele está aberto a todas a linhas de pensamento e os articulistas, dos mais diferentes matizes, se revezam expondo pontos de vista, apresentando suas pautas, discutindo novos conceitos e valores.
O Jornal de Jales também foi o berço da maioria dos jornalistas profissionais que ainda atuam no mercado de trabalho, eu inclusa. Mentes brilhantes passaram pela redação e agora brilham no jornalismo local, regional e nacional (e aguardam a festa do reencontro – recado dado, Deonel!).
Porque é isso, quem vivencia a experiência de contar histórias ou ser retratado no JJ sabe do carinho com que é feito esse jornal. Muito mais do que profissionalismo, há sempre a boa intenção do “jornalismo cidadão” de valorizar pessoas e lutar por causas que beneficiem a cidade e a região.
Por tudo isso, o Jornal de Jales continua sendo uma boa ideia!
Ayne Regina Gonçalves da Silva
(É jalesense. Jornalista com mestrado em Comunicação e Semiótica. Professora especializada em Metodologia Didática. Franqueada da Damásio Educacional em Araçatuba e Birigui)