Desde crianças sempre ouvimos falar que da necessidade surgem as grandes ideias, mas será que é isso mesmo que acontece? É claro que muitas vezes isso ocorre, mas não quer dizer que é sempre assim.
Uma pesquisa da Universidade do Arizona sugere que as pessoas criativas aproveitam mais o tempo ocioso para pensar e se sentem melhor quando ficam sozinhas.
Se a necessidade pode levar a preocupações e até ao desespero antes de surgir uma solução, a ociosidade, por sua vez, funciona ao contrário, deixando essas pessoas mais à vontade para pensar e ter novas ideias, sem sentir o menor tédio, o que não acontece com quem não é criativo.
É que as pessoas criativas utilizam melhor o tempo ocioso explorando seus pensamentos e abrindo a mente para mais de uma ideia. Pesquisas como essa servem para fornecer algumas pistas sobre como os pensamentos surgem e se desenvolvem e quais situações permitem que isso aconteça.
Uma prova desse comportamento foi verificada durante o período de recolhimento provocado pela pandemia do Covid, quando as pessoas criativas permaneceram bem mais ativas e menos entediadas por utilizarem o tempo de forma mais livre, levando muitas vezes a ideias inovadoras.
Isso nos leva a refletir sobre a necessidade de fazer melhor uso do tempo em que não estamos fazendo nada, que é muito pouco em uma sociedade cada vez mais ocupada e conectada, quase sempre em futilidades ou informações desnecessárias. Isso quando percebemos que temos um potencial criativo que pode ser melhor aproveitado se estivermos a sós e claro, desligados de celular, internet ou qualquer outra situação que nos faça desviar a atenção.
É por isso que artistas, filósofos e cientistas gostam mais de ficar isolados, às vezes durante longos períodos e depois chegam com novos conceitos, soluções ou descobertas que surgem nos períodos de solidão, quando se sentem mais ligados a ideias que aparecem e vão se desenvolvendo, de acordo com os seus pensamentos muitas vezes diferentes de tudo o que se conhece.
Na pesquisa citada seus responsáveis fizeram uma avaliação dos participantes através do que eles chamam de teste de pensamento divergente que mede formas diferentes com que uma pessoa pode pensar. Os bons resultados foram demonstrados por aqueles que tiveram o pensamento fluindo livremente, gerando boas ideias, de forma associativa, quando se lembravam de outras situações ou lugares.
A conclusão é que de uma forma ou de outra, pessoas que pensam diferente devem buscar formas de se desligar cada vez mais da conectividade desnecessária para encontrar momentos que as façam refletir de modo relaxante, sem a tensão provocada pelo acúmulo de atividades que podem ser aliviadas, quando se voltam para pensamentos produtivos, com tempo para limpar suas mentes, procurando novas ideias, em casa, no trabalho ou em qualquer outro lugar.

Eugenia Ramires (Neuroeducadora)
Blog: FloreSer Neurodiversidade

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