Nós que somos pais temos uma preocupação muito grande com a saúde, segurança e futuro de nossos filhos. Isso á natural porque os apresentamos diariamente a Deus e sonhamos com uma vida digna onde eles possam desenvolver o propósito que o Senhor tem para eles em relação à família, sustento, trabalho e consagração.
Muitas vezes, porém, temos falhado nessa tarefa tão importante. São muitas preocupações e atividades que consomem nossa vitalidade e nosso tempo. Preferimos, então, que eles se ocupem com seus meios de entretenimento e amigos ao invés de termos um tempinho a mais para alcançar o coração deles. Nessa época midiática, onde o acesso a informações boas ou ruins é muito grande, o perigo é cada vez mais iminente. Especialmente pelo fato de haver centenas de “influenciadores digitais” (como são chamados) prontos a serem os formadores do caráter de nossos filhos. Um dos problemas envolvidos nessa questão é que a grande maioria deles tem a maturidade de um grilo, a experiência de um gafanhoto e a sabedoria de um prego sem cabeça. O fato de eles terem um linguajar descolado e passarem pelas mesmas experiências dos que experimentam a transformação da adolescência não os credencia a serem os formadores de opinião e o centro da vida de nossos filhos. O que nós conhecemos da vida desses “influenciadores digitais”? Que autoridade eles tem para transmitir valores a nossos filhos que nós mesmos não podemos ensinar? A única autoridade que eles têm é aquela que nós, pais, damos quando permitimos que eles fiquem horas no celular imersos em mídias sociais sem que tenhamos qualquer tipo de controle ou até de interesse para conferir o que eles estão fazendo, vendo ou recebendo.
Porém os resultados logo começam a aparecer: Eles passam a nos abraçar menos, manifestam menos interesse em nossas histórias e ensinos, a comunicação torna-se monossilábica e, enfim, tornam-se mais exigentes e críticos em relação a tudo que os cerca. Enfim, essa situação torna nossos filhos vulneráveis a espertalhões que se apresentam como “modernos e descolados”. Um verdadeiro sequestro emocional. Eles têm um novo “herói” que funciona como centro de referência – e não somos nós.
Não é fácil lutar contra esses anti-heróis digitais. Mas algumas atitudes simples são bastante úteis. Comece por alcançar o coração de seu filho. Dificilmente você poderá atrair, ensinar ou influenciar seu filho se não conseguir conquistar o coração dele. Não se trata, evidentemente, de encher o filho de presente, mas sim de fazer parte da vida dele, mergulhar em suas experiências, descobertas e anseios e torná-lo participante do seu mundo (e você, do dele). Compartilhe as histórias que você tem, mostre um mundo diferente daquele que ele conhece, desperte sua curiosidade e faça-o confiar mais em você. Você pode ser o herói da vida dele. Bloquear o celular ou impedir o acesso às plataformas digitais tem pouca efetividade porque não trata a raiz do verdadeiro problema que existe.
Outra questão relevante é a necessidade dos pais serem mais profundos na expressão de sentimentos. Em muitas famílias existe excesso de regras e escassez de afetos. Regras sem sentido e disciplina desproporcional ao ato causam revolta no coração dos filhos. Essa questão afeta não só a formação afetiva como também a formação espiritual de nossos filhos. Deus não pode ser apresentado a eles apenas como aquele que castiga e pune, mas também como aquele que é Pai de amor, que nos ama e chama para um relacionamento. Nossa espiritualidade paterna não pode ser agressiva, opressora, mas amorosa, envolvente e contagiante. A Bíblia não é apenas um livro de regras morais. Mais que isso, é um livro que mostra Deus presente na vida da raça humana. É Deus quem forma, protege, cuida e salva. E que chama cada um para ter relacionamento com Ele.
Esteja atento às reações de seus filhos. Você os conhece e sabe como eles lidam com certas situações da vida. Identifique se eles estão tendo um comportamento diferente do habitual e procure conhecer as causas. Converse, ame e procure meios de alcançar o coração deles. Nunca é tarde para (re)começar. Com certeza, é isso que Deus para você e sua família.
- Rev. Onildo de Moraes Rezende
(Pastor da Igreja Presbiteriana de Jales, Bacharel em Teologia, Licenciado em Pedagogia, Pós-Graduado em Docência Universitária, Mestre em Aconselhamento)