Temos observado um movimento interessante no ensino superior brasileiro e também no mercado regional. Ao mesmo tempo que apenas uma porcentagem muito pequena da população do país chega à graduação, existe uma parcela dentro desse grupo que está cursando uma segunda graduação. Isso mesmo, essas pessoas estão buscando uma segunda profissão.
Nesse grupo estão indivíduos que se formaram pela primeira vez, exercem – ou não – a profissão da primeira graduação, e depois de algum tempo – que pode ser curto ou longo – se matriculam no segundo curso. Isso acontece por vários motivos, entre eles a decepção com a primeira escolha ou a decisão por algo mais rentável ou prazeroso.
É importante observar que muitas dessas matrículas na segunda graduação acontecem em instituições de ensino no modelo de educação a distância. Na maioria delas, o candidato não precisa passar pelo processo tradicional do vestibular e pode, inclusive, eliminar disciplinas que já tenha cursado (se o plano de ensino das faculdades for compatível).
Existem outros atrativos também, como o fato de os alunos poderem assistir às aulas em casa ou no trabalho, no momento que desejarem. Além de os cursos EaD serem bem mais baratos do que os presenciais ou semipresenciais. Alguns custam menos de 100 reais por mês e podem ter duração a partir de dois anos, ou seja, em dois anos o estudante já está com um novo diploma e chances redobradas no mercado de trabalho.
Vou contar algumas histórias que tenho vivenciado entre amigos e com ex-alunos. Os relatos são reais, mas os nomes das personagens serão preservados. Sandra, na casa dos 40 anos, diretora de escola, professora com quem lecionei em uma instituição do ensino superior local, se matriculou em nutrição. Pensou sobre o futuro, entendeu que a aposentadoria não será suficiente para manter o padrão de vida atual e quer estar preparada para cuidar da saúde das pessoas, área que ela considera promissora, mais do que a Educação.
Carlos, 33 anos, meu ex-aluno de jornalismo, formou-se, atuou em rádio e jornal, mas descobriu no magistério uma fonte de renda mais garantida. João, 47 anos, também jornalista, está cursando Psicologia, para ter outra fonte de renda depois que se aposentar no serviço público.
Arthur, 38 anos, editor, cursou Letras e atua como professor em escolas particulares. Célio, 32 anos, administrador, está cursando Direito, pretende ter um escritório de advocacia para se dedicar às causas empresarias se um dia for demitido da multinacional onde trabalha.
O caso da Catarina também é interessante. Advogada com OAB, ela ganhou, da empresa onde trabalhava, um curso EaD de 2 anos, de Marketing Digital, para ajudar a incrementar os negócios. Hoje tem sua própria consultoria que presta assessoria para diversos clientes gerenciando as contas deles na internet. Importante: ela já ganhava mais dinheiro com essa nova profissão desde o primeiro ano do curso, ou seja, nem precisou se formar para começar a atuar nesse mercado.
Talvez você, leitor, tenha uma certa dúvida alimentada por muito preconceito que ainda existe sobre a educação a distância e pode pensar: ah!, mas não é a mesma coisa que o presencial, não é? Não é mesmo. Mas pode ser melhor. Escreverei sobre isso na próxima semana.

Ayne Regina Gonçalves Salviano (Mestre em Comunicação e Semiótica e gestora educacional)

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