“Uma realidade inexorável”. Foi dessa forma que Carlos Eduardo Moreira Sampaio, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), descreveu o crescimento da Educação a Distância no Brasil.
Segundo o último Censo de Educação Superior, divulgado na primeira semana de novembro, entre 2011 e 2021, o número de ingressantes em cursos de graduação, na modalidade de educação a distância (EaD), aumentou 474%. No mesmo período, a quantidade de alunos em cursos presenciais diminuiu 23,4%.
Ainda em uma análise numérica simples, em 2011 os ingressos no ensino superior por meio de EaD correspondiam a 18,4% do total. Em 2021, esse percentual chegou a 62,8%.
Os dados do Censo de Educação Superior referentes a 2020 já haviam mostrado no ano anterior que, por conta da pandemia da covid-19, os cursos de graduação EaD tinham recebido mais alunos novos do que os presenciais, tanto na rede pública como na privada. Essa tendência permaneceu mesmo com o arrefecimento da doença.
Em 2021, o número de vagas em cursos de graduação EaD cresceu 23,8% enquanto a oferta no ensino presencial teve queda de 2,8%, no mesmo período. O censo mais atual mostra, ainda, que a disponibilidade de vagas no sistema online foi acompanhada da procura pelo modelo de ensino remoto. Em número isso significa que 3,7 milhões dos alunos matriculados em graduação estavam estudando remotamente em 2021.
Só no Estado de São Paulo, houve um aumento de 24,9% no número de matrículas nesse tipo de curso de graduação, tanto nas universidades públicas quanto nas privadas. De acordo com o Inep, em 2020 foram 638.233 matrículas em cursos de graduação online; em 2021, o número foi de 797.181.
Em comparação, o número de matrículas em cursos de graduação presenciais no estado de SP (tanto nas particulares quanto nas públicas) registrou, em 2021, uma queda de 168,6 mil matrículas em relação ao ano anterior. O levantamento ainda aponta que a maior queda foi nas universidades particulares, que tiveram 14,5 % a menos de matrículas efetuadas.
Mas o que leva o estudante de graduação brasileiro preferir estudar de forma on-line em vez de presencial? São vários os fatores apontados pelos especialistas, entre eles, o menor valor da mensalidade, a flexibilidade de assistir as aulas nos horários convenientes aos alunos, a economia de tempo e recursos no deslocamento, a facilidade tecnológica das plataformas, cada vez mais interativas, entre outros.
A questão financeira é preponderante. Cursos presenciais cujas mensalidades aproximam-se dos 1 mil reais mensais são encontrados a menos de 200 reais mensais na EaD. E a explicação é simples: se na sala presencial cabem 50 carteiras, por exemplo, nas salas virtuais o número de alunos é ilimitado, por isso há rentabilidade para os cursos EaD ao mesmo tempo que o aluno paga menos pelos serviços educacionais.
A facilidade de ter as aulas gravadas para assistir a qualquer dia e horário, o fato de não gastar com combustível nem alimentação na escola e a interação que as plataformas proporcionam com professores, tutores e colegas de turma de todo o país são outros itens bem apreciados pelos estudantes da EaD.
Qualidade? Como nos cursos presenciais, é responsabilidade do Ministério da Educação fiscalizar todos os cursos autorizados.

Ayne Regina Gonçalves da Silva (É jalesense. Jornalista com mestrado em Comunicação e          Semiótica. Professora especializada em Metodologia Didática. Franqueada da Damásio Educacional em Araçatuba e Birigui)

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