Pessoas com deficiência estão sofrendo ataques de ódio nas redes sociais. Ao postarem fotos, vídeos ou participarem de “lives”, são xingadas, comparadas a animais ou seres de outro planeta. Os “haters” não poupam nem crianças. Definitivamente os covardes não têm mais vergonha.
Para que fique bem claro, covardes são estas pessoas que se sentem no direito de fazer comentários preconceituosos em perfis daqueles que não têm o “padrão” imposto pela sociedade.
Não percebem, estes ignorantes, que exigir um único padrão – que seja de beleza ou de inteligência – traz, no mínimo, lembranças de dor e sofrimento de um momento histórico, o Holocausto, quando Hitler pregava a “raça pura”. A história já provou que ele era, no mínimo, louco.
As redes sociais, por sua vez, foram criadas justamente para dar voz e vez a quem a mídia tradicional não dá oportunidades. Com o advento da internet, as minorias têm ganhado cada vez mais espaço social para divulgar suas ideias e necessidades. Uma sociedade que se diz democrática precisa oportunizar espaço para a pluralidade.

Dessa forma, pessoas que não sabem se comportar na rede e a usam para ataques de ódio precisam ser educadas, pelas escolas, pelas próprias plataformas de comunicação, mas especialmente pelas leis.

Para quem ainda não sabe, já existe uma lei específica que pune todos aqueles que expõem preconceito contra pessoas com deficiência. Resta aplicá-la com urgência e rigor. E isso não é difícil porque os crimes na internet deixam mais rastros do que aqueles cometidos na vida fora dela. Os especialistas já conseguem identificar, rapidamente, de onde partem os ataques. Agora é multar e/ou prender os delinquentes.
Infelizmente há criminosos de todos os todos os tipos: crianças, jovens e adultos; ricos e pobres; homens e mulheres; brancos e negros; pessoas com pouco estudo, mas também diplomadas. É a banalidade do mal, estudada por Hannah Arendt, em sua forma mais pura. Segundo a autora, todos são capazes de fazer o mal.
Enfim, um mundo de pessoas “belas” e “perfeitas” é tecnicamente impossível. Primeiro pela própria biologia, pela genética. Depois, pelas condições de vida do lugar onde se vive. Em um país aonde as pessoas passam fome e são abandonadas, aos milhões, à própria sorte, sem saúde e educação, é hipocrisia demais querer que todos sejam “perfeitos”.
Covardes, envergonhem-se! Entendam de uma vez por todas: você não precisa gostar de todos, mas é obrigado a respeitar todos. Chama-se sociedade.

  • Ayne Regina Gonçalves Salviano (É jornalista, professora mestre em Comunicação e Semiótica. Empresária no ramo da Educação em Araçatuba e Birigui

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