Uma pesquisa divulgada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Datafolha, na semana que passou, aponta que, nos últimos 12 meses, 18,6 milhões das mulheres brasileiras relataram ter sido vítimas de algum tipo de violência ou agressão. O ex-parceiro aparece como o agressor na maioria dos casos.
Isso significa que a cada minuto, 35 brasileiras foram agredidas, física ou verbalmente, no país. Esse é, até agora, o maior percentual desde o início das pesquisas. Mas os números chocam mais a partir dos detalhamentos.
Só para ilustrar, por dia, 50.962 brasileiras sofreram algum tipo de violência. Se todas tivessem ido buscar a ajuda do Estado, a sala de espera da delegacia para registrar os boletins de ocorrência deveria funcionar no estádio do Corinthians.
Entre as principais agressões sofridas pelas brasileiras estão as ofensas verbais (23,1 milhões), perseguições (8,7 milhões), chutes e socos (7,5 milhões), espancamento ou tentativa de estrangulamento (5,4 milhões) e ameaça com faca ou arma de fogo (3,3 milhões). Atenção, escrevi milhões (!).
As mulheres negras são as maiores vítimas (65,6%), seguidas das brancas (29%). As mais atacadas têm entre 16 e 24 anos (30,3%) seguidas pelo grupo entre 25 e 34 anos (22,8%) e 35 a 44 anos (20,6%). Entretanto, até idosas com mais de 60 anos passam por esse suplício (9,2%).
De acordo com os especialistas que analisaram os dados coletados, foram três os principais fatores que agravaram o cenário de violência contra as mulheres no Brasil. O primeiro é a ação política de movimentos ultraconservadores que se intensificaram na última década e elegeram, dentre outros temas, a igualdade de gênero como um assunto a ser combatido, como visto nas eleições de 2022.
Em segundo lugar está o fim de financiamentos das políticas de enfrentamento à violência contra a mulher por parte do governo Jair Bolsonaro nos últimos quatro anos. Sem essas políticas de combate à violência e com o estímulo a discursos machistas e violentos contra as mulheres, os índices saltaram a patamares assustadores.
Por fim, o terceiro fator que mais prejudicou na violência contra as mulheres no Brasil foi a pandemia de Covid-19, que comprometeu o funcionamento de serviços de acolhimento por causa do isolamento e do distanciamento dos órgãos públicos e, pior, a proximidade com o agressor.
Para preocupar ainda mais esse cenário, as redes sociais já tem a “machosfera”, espaços onde homens destilam seu ódio contra as mulheres incentivando a violência contra elas e até criando palavras novas para não serem derrubados pelas plataformas.
A sociedade está em alerta. Quem tem mãe, irmã, esposa e filha precisa se engajar nessa luta contra a violência sob pena de ser uma das vítimas desses crimes.

Ayne Regina Gonçalves Salviano (É MBA em Gestão. Mestre em Comunicação e Semiótica. Empresária do ramo educacional em Araçatuba e Birigui)

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