Quando o final do ano se aproxima, muitos são aqueles que começam a programar o ano vindouro com uma série de mudanças. Um novo curso, que traga mais habilidades e renda; uma nova maneira de viver, com dietas saudáveis e exercícios físicos; um passo a mais em um relacionamento amoroso que pode incluir casamento ou filhos. Enfim, essa é a época propícia para sonhar e planejar.
Entretanto, quando as mudanças acontecem de forma repentina, sem serem anunciadas, parece que um turbilhão nos tira do chão e, suspensos, aguardamos, agoniados, quando ele vai passar e poderemos colocar os pés no chão novamente, não sem nos machucarmos. Isso acontece quando perdemos um emprego, quando um relacionamento seguro se desfaz ou, pior, quando a morte nos arranca um amor, um amigo.
As mudanças têm, mesmo, dois lados. São boas em algumas circunstâncias, mas em outras não. Entretanto, a única certeza é que elas vão acontecer. Há quem prefira uma vida calma, sem sobressaltos. Há quem entenda que as mudanças são necessárias para nos fazer evoluir. Há quem sofra com elas. Há quem as utilize de plataforma para impulso.
Penso sobre isso quando vejo meus alunos do ensino médio ansiosos pela mudança, querem desesperadamente seu status alterado de vestibulandos para graduandos, imaginando que todos os seus problemas estarão solucionados. Não estarão. Serão apenas novos problemas em uma nova fase. As mudanças são eternas.
Também penso sobre isso quando presencio os idosos buscando a tranquilidade de uma rotina, sem querer mudar de casa, de hábitos. Ainda reflito sobre isso quando amigos, já maduros, são substituídos no mercado profissional por jovens sob o discurso de que no trabalho vale a jovialidade e não a experiência.
Há duas posturas diante das mudanças. Lutar contra elas ou aceitá-las. E sob esse viés, cada caso é um caso. Vejo no noticiário que uma professora aprovada, pelo sistema de cotas racial, em concurso público para lecionar em uma universidade federal, teve a vaga retirada por decisão judicial. O empossado foi o candidato branco com maior pontuação na prova. A professora não aceitou a mudança no resultado e afirmou que lutará, na justiça, contra a decisão. Esse é um tipo de luta.
Vejo milhares de brasileiros ainda lutando contra o resultado do último pleito para a presidência da República. Em frente aos quarteis ou fazendo barricadas em estradas de grande circulação, pedem intervenção militar para o Brasil há mais de um mês. Não querem a mudança que há de acontecer uma vez que os brasileiros sairão de um governo de direita para outro oposto. Esse é outro tipo de luta.
As mudanças acontecem. Nem sempre elas são boas. E elas não são permanentes. O importante é saber como agir diante delas para manter o equilíbrio emocional e social necessário.
Ayne Regina Gonçalves da Silva
(É jalesense. Jornalista com mestrado em Comunicação e Semiótica. Professora especializada em Metodologia Didática. Franqueada da Damásio Educacional em Araçatuba e Birigui)