A tríade que compõe uma cosmovisão (criação, queda e redenção) aponta para uma nova oportunidade que a humanidade tem de cumprir seu mandato neste mundo. Como vimos no artigo anterior, a tragédia da queda do primeiro casal no jardim do Éden não é o ponto final da história humana, pois, em Cristo é possível retornar aos propósitos da boa ordem da criação estabelecidos por Deus. Os conceitos da tríade da cosmovisão podem ser resumidos na seguinte frase de Nancy Pearcey: “Da mesma maneira que toda a criação era originalmente boa e tudo foi afetado pela queda, assim tudo será redimido. A promessa última de Deus é novos céus e nova terra.” Certamente essa redenção aponta para o aspecto futuro – onde tudo será novo e perfeito, como também para o aspecto presente – onde uma nova direção é dada às coisas que fazemos e que existem neste mundo a partir do senhorio de Cristo na vida.
Portanto, falar sobre redenção significa tratar de um assunto que faz parte do ideal de todo ser humano. Você já percebeu que todos os filmes de super-heróis apresentam um enredo comum onde um antagonista aparece para atrapalhar uma ordem existente? No momento em que o planeta está ameaçado, surge o super-herói que salva a humanidade da destruição e tudo termina em paz (pelo menos até a próxima ameaça). De onde vem a ideia desses enredos? Faz parte do imaginário coletivo? Na verdade esse enredo replica a mesma ideia bíblica que envolve a criação (a boa ordem), a queda (o pecado) e a redenção (em Jesus).
Porém, esse enredo não se limita apenas à indústria de entretenimento. Walsh e Middleton apontam outras três áreas em que pretensos redentores se apresentam para reinstalar a ordem em meio ao caos. Eles citam a redenção pela ciência, onde o cientista se veste da roupa sacerdotal e apregoa as boas novas do evangelho do conhecimento e onde os remédios e as descobertas são a panaceia que solucionam os problemas da raça humana; falam também da redenção pela tecnologia e suas promessas de construção de poder e progresso trazendo o alvorecer de um novo mundo; e citam a redenção pela economia, seja no espirito capitalista de Adam Smith ou na concepção igualitária de Karl Marx, o mundo será remido dos seus males conforme haja satisfação financeira. Além desses pretensos redentores, há a redenção pela educação, que trará a prosperidade e a libertação como cumprimento das “profecias” de Augusto Conte e seu positivismo libertário e outros deuses que apregoam redenção em larga escala.
O conceito de redenção na cosmovisão cristã aponta para o amor de Deus que não deixou a raça humana perdida e sem solução por causa dos efeitos da queda, pelo contrário, ele enviou seu filho Jesus Cristo que é o poder divino para estabelecer restauração. Conforme Al Wolters, “a redenção é a recuperação da bondade criacional por meio da anulação do pecado e do esforço rumo à remoção progressiva de seus efeitos em todos os lugares. Retornamos à criação por meio da cruz, porque apenas a expiação (ou seja, a morte substitutiva de Cristo) lida com o pecado e com o mal efetivamente em sua raiz”. Isso quer dizer que, em Cristo, todos recebemos uma nova oportunidade de obter salvação e sentido na vida – algo que os falsos deuses com suas promessas redentivas não conseguem cumprir. Somente o maravilhoso Salvador pode oferecer completa redenção.
As implicações práticas de uma cosmovisão reformada serão analisadas nos próximos artigos.
Em tempo, expresso aqui minha gratidão ao grande amigo Deonel Rosa Júnior pelo espaço que tão gentilmente me cedeu neste prestigioso jornal. Valeu, parceiro!

Rev. Onildo de Moraes Rezende
(Pastor da Igreja Presbiteriana de Jales, Bacharel em Teologia, Licenciado em Pedagogia, Pós-Graduado em Docência Universitária, Mestre em Aconselhamento)

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