Eu nasci aqui em Jales e, apesar de ter passado boa parte de minha vida como cidadão do mundo (é aquela velha máxima de nunca se sentir “nativo” de lugar nenhum) sei muito bem da importância de valorizar essa cidade. Por coincidência ou não, essa identidade faz com que a gente se aproxime sempre de pessoas que também tem muito amor e tem a cara de nossa cidade. É por isso que temos que fazer todos os dias uma declaração de amor a Jales.
Mas, escrever sobre Jales é uma temeridade. É um teste de múltiplas escolhas. Do que escrever? Escrever sobre a Jales dos nossos sonhos? Sobre a cidade surpresa? Sobre a saudade de uma Jales – Centro de Região? Sobre os sons, os sabores, a sofisticação, os sotaques da cidade?
Para quem escrever? Para aqueles que também amam Jales… “Só quem ama é capaz de ouvir e entender estrelas”, como disse o nosso Olavo Bilac.
Como escrever? Com emoção, expressando sentimentos que “pegam” no dia-a-dia? Com objetividade, apenas narrando? Com tristeza da sua estagnação? Com saudades, mas não saudosismo?
Vamos lançar aqui, hoje, neste Jornal de Jales uma campanha de valorização de nossa cidade: “Quem vive aqui aprende a amar, contemplar Jales a todo instante, integralmente, desde os primeiros raios de sol até sempre. Sentir suas formas, linhas e entrelinhas, seus caminhos, gestos, seu jeito, seu abraço, seu cheiro”.
Precisamos implantar em Jales um governo que tem que fazer parte do esforço de organizações e indivíduos, para uma nova forma de participação política, ou seja, uma participação de baixo pra cima, por todas e todos que sentem diariamente as dores de se viver numa realidade de injustiças, miséria e discriminação, mas também de esperança e força de vontade para mudar desde agora as condições que nos cercam e as relações que nos tocam.
Estamos iniciando essa campanha no aniversário de Jales: nossa proposta é inspirada na experiência acumulada ao longo da vida de amigos e companheiros que amam Jales.
Para a confirmação de minha proposta temos que somar as entidades, grupos organizados ou não e todos aqueles que têm interesse em mudar, para melhorar nossa cidade. Temos sim, que ser regidos por certos princípios como: horizontalidade, democracia direta, autonomia e igualdade. Assim vamos iniciar nossa caminhada em favor de nossa cidade escutando as queixas do povo, suas angústias, apreensões, partilhando com ele as suas necessidades.
Desta iniciativa vamos colher, além da magnífica experiência, os pontos de um programa verdadeiramente popular. Construído a partir da base da sociedade Jalesense, daquela que produz as riquezas, com amparo na consistência dos fatos e na opinião de quem de fato trabalha. Um programa tanto mais forte por não ter nascido de uma “única mente”, de uma ideia individual, mas da longa experiência de reflexões.
Baseado no acúmulo dessas experiências, parte da nossa identidade pode ser construída com ajuda da cidade que nos permite ser quem a gente é, seja aquela na qual estão nossas origens e raízes, seja aquela onde moram nossos sonhos e possibilidades sem fim.
O lugar onde moramos nos modifica a todo o instante, assim como, cada um de nós, tem o mesmo direito e dever sobre ele. E transformar, assim como se deixar transformar, faz a nossa relação com a cidade ser uma história de amor.
Jales é uma cidade temperamental, imprevisível, arrebatada. Uma cidade que vibra passionalmente nas campanhas políticas. Capaz de surpreender ao mais arguto pesquisador de sua paisagem humana. “Talvez não lhe coubesse mal chamá-la de cidade libertária, já que tem uma tradicional e irremovível vocação contestatória, dissidente, rebelde. ”
Amo Jales imensamente, profundamente, como um prolongamento de minha infância, e uma apoteose para o meu destino. ”
Venha, vamos juntos realizar esse sonho!!!!!!!

  • Marco Antonio Poletto (É gestor no Poder Judiciário. Historiador. Articulista e Animador Cultural)

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