Falar sozinho pode ser embaraçoso se alguém ouve e esse tipo de comportamento pode até ser visto como algum problema mental, mas é completamente normal, como apontam décadas de estudos de psicologia, pois a grande maioria das pessoas desenvolve algum tipo de diálogo interno todos os dias. Podemos perguntar por que falamos sozinhos e se isso é importante.
Precisamos entender que o diálogo interno é o que narramos dentro de nossas cabeças e que pode ser chamado de discurso interno. Não é uma imagem mental ou a lembrança de fatos ou números.
O diálogo interno normalmente é silencioso, mas às vezes podemos falar alto para nós mesmos. Isso pode até parecer estranho quando somos adultos, mas na verdade é um comportamento que vem de longe, desde quando éramos crianças, pois estas estão sempre falando sozinhas quando brincam.
Esse tipo de discurso chegou a ser considerado essencial para o nosso desenvolvimento pelo psicólogo russo Lev Vygotsky, na década de 1930. O seu interesse era a neuropsicologia, que é a aplicação da psicologia e da neurologia e que estuda as relações entre o cérebro e o comportamento humano.
Vygotsky entendia que quando começamos a falar, falamos sozinhos porque ainda não conseguimos ligar nosso pensamento com a fala. Só com o passar do tempo é que uma voz vai surgindo na nossa mente para completar os comandos verbais. Quando crescemos, deixamos de falar sozinhos, mas muitas vezes isso acaba acontecendo.
As crianças costumam repetir as conversas com adultos, passam a falar sozinhas e depois, quando adultas, interiorizam essas conversas que transformam em um diálogo para elas. O diálogo interno é importante e nos ajuda a planejar, enfrentar situações difíceis e até nos motivar.
Os estudos sobre o diálogo interno ainda continuam e os pesquisadores estão trabalhando para acompanhar esse comportamento espontâneo e quase sempre inconsciente. Eles também levantam questões para procurar saber por que algumas pessoas têm mais diálogos internos que outras, que áreas do cérebro são ativadas nesses momentos e as diferenças em relação às conversas normais.
A definição dada é que o diálogo interno é um pensamento verbalizado dirigido a nós mesmos ou a algum momento da nossa vida. É quando conversamos internamente, por exemplo, com frases do tipo: “preciso fazer o meu trabalho urgente”. Também surgem as reflexões que temos durante o dia, como; “agora não posso ir, vou voltar depois”.
O certo é que o conteúdo das conversas do diálogo interno pode influenciar nossos comportamentos e quando são instrutivos ou motivadores aumentam nossa concentração e autoestima, além de ajudar nas tarefas diárias e até para falar em público.
Quando falamos sozinhos, como se estivéssemos conversando com outra pessoa, é o que se chama de diálogo interno distanciado. É uma estratégia que favorece o autocontrole e estimula o bem-estar.
Eugenia Ramires (Neuroeducadora)
Blog: FloreSer Neurodiversidade