O ser humano não aprende. A história, os fatos, os números, as perdas, nada muda o comportamento de um indivíduo ambicioso, mal-intencionado, doente psiquiátrico, desalmado.
Matar um ou milhares de inocentes não faz diferença para demonstrar poder. Se os homens têm de abandonar suas esposas e filhos para “defender a pátria”; se milhares precisam se amontoar no subsolo, com fome e frio; se milhões têm que reunir os poucos pertences que conseguem carregar e precisam caminhar dias sem fim para fugir do território atacado, nada disso faz diferença para quem só deseja ser reconhecido como um “líder destemido”.


Covardes. Isso que esses governantes são. Preferem a guerra ao diálogo porque não sabem dialogar. Preferem o míssil à liberdade porque não entendem que já foram superados. Preferem destruir porque não sabem o que é dar alegria ao povo.


Existe um diálogo antológico entre duas das mentes mais brilhantes da humanidade, que prova como a guerra é incompreensível para quem é dotado de inteligência.
Em julho de 1932, o físico Albert Einstein escreveu para o famoso médico neurologista e criador da psicanálise Sigmund Freud. Gostaria que ele pudesse explicar, de forma científica, por que os homens guerreavam. O documento que contém as duas cartas é extenso, por isso reproduzo apenas algumas partes relevantes:
De Einstein para Freud: “A proposta da Liga das Nações e de seu Instituto Internacional para a Cooperação Intelectual, em Paris, de que eu convidasse uma pessoa, de minha própria escolha, para um franco intercâmbio de pontos de vista sobre algum problema que eu poderia selecionar, oferece-me excelente oportunidade de conferenciar com o senhor a respeito de uma questão que, da maneira como as coisas estão, parece ser o mais urgente de todos os problemas que a civilização tem de enfrentar. Este é o problema: Existe alguma forma de livrar a humanidade da ameaça de guerra?
É do conhecimento geral que, com o progresso da ciência de nossos dias, esse tema adquiriu significação de assunto de vida ou morte para a civilização, tal como a conhecemos; não obstante, apesar de todo o empenho demonstrado, todas as tentativas de solucioná-lo terminaram em lamentável fracasso”.
Freud respondeu em setembro do mesmo ano: “Ora, a guerra se constitui na mais óbvia oposição à atitude psíquica que nos foi incutida pelo processo de civilização, e por esse motivo não podemos evitar de nos rebelar contra ela; simplesmente não podemos mais nos conformar com ela. Isto não é apenas um repúdio intelectual e emocional; nós, os pacifistas, temos uma intolerância constitucional à guerra, digamos, uma idiossincrasia exacerbada no mais alto grau.
Realmente, parece que o rebaixamento dos padrões estéticos na guerra desempenha um papel dificilmente menor em nossa revolta do que as suas crueldades. E quanto tempo teremos de esperar até que o restante da humanidade também se torne pacifista? Não há como dizê-lo. Mas pode não ser utópico esperar que esses dois fatores, a atitude cultural e o justificado medo das consequências de uma guerra futura, venham a resultar, dentro de um tempo previsível, em que se ponha um término à ameaça de guerra.
Por quais caminhos ou por que atalhos isto se realizará, não podemos adivinhar. Mas uma coisa podemos dizer: tudo o que estimula o crescimento da civilização trabalha simultaneamente contra a guerra”.
Em 1939 a humanidade vivenciou a Segunda grande Guerra, até 1945. Em fevereiro de 2022, a Rússia invadiu a Ucrânia e há o receio de uma Terceira Grande Guerra. Desculpem Einsntein e Freud. A humanidade só involuiu.

  • Ayne Regina Gonçalves Salviano (É jornalista, professora mestre em Comunicação e Semiótica. Empresária no ramo da Educação em Araçatuba e Birigui )

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