Eu ando cansada de ter pressa. Fiz esse post essa semana na minha rede social e a coisa deu o que falar, muitas pessoas se identificaram com os meus sentimentos e desejos de uma vida mais desacelerada.
Hoje em dia tudo é para ontem e o filosofo e Byung-chul Hann nos conta isso em seu livro: “A Sociedade do Cansaço” no qual explica a valorização da produtividade excessiva, o quão enaltecemos a superlotação que fazemos em nosso dia a dia, o quão achamos bonito falar: “estou sem tempo”, “estou exausta de tanto trabalhar” sempre mostrando o exagero sendo algo que te torna importante e assim vamos esquecendo dos verdadeiros valores da vida.
Percebi também que criei um hábito que olhando mais a fundo não é algo saudável, nos meus trajetos tanto na cidade quanto nas estradas eu ouvia bastante podcast me gerando a sensação de preenchimento de tempo com algo produtivo, como se aquelas horas precisassem ser usadas de forma que fossem me trazer informação e conhecimento, mas fui percebendo que essa enxurrada de informação me trazia mais cansaço e estresse.
Uma reflexão aqui, ocupar seus momentos e fazer as coisas de forma mais rápida não te torna melhor ou mais produtivo, te torna cansada.
E por que tudo isso está acontecendo? Grande parte disso a influência das redes sociais que geram a comparação e digo que isso é natural do ser humano e em alguns momentos é preciso, nos impulsiona.
Ter inspirações é importante, mas tudo precisa ter cuidado porque cada um tem a sua essência e se conhecer dentro dos seus limites te faz ir além. Parece uma fala ambígua, mas autoconhecimento das suas vulnerabilidades te guia para aquilo que você realmente quer e valoriza e quando isso acontece a coisa flui e dá certo.
Reconhecer que acordar as cinco horas da manhã, tomar um banho gelado, sair para correr, tomar um suco verde e até as sete horas já estar na mesa do trabalho não é para todos e reconhecer que nem todas essas rotinas são para mim, nos dias de hoje é para quem é de fato muito seguro de si e não tem medo dos juízes da vida alheia.
Te faço um convite agora: se pergunte mais o que gosta de fazer, que coisas simples da vida te proporcionam prazer e bem-estar, se de fato é necessário pegar o celular e responder as mensagens naquele momento, e por aí vai. Nem tudo é urgente, as vezes criamos a urgência. O que você está fazendo com seu tempo ele é seu maior ativo.
E como diria a saudosa Rita Lee: “nada melhor do que não fazer nada” e te faço mais um convite nesse momento, leia seu jornal e ouça uma musica que goste, aproveite seu presente, se permita dar um tempo.
Claudia Manfrim
(Psicóloga clínica, especialista em terapia cognitivo comportamental. Terapia sistêmica familiar e casal).