Quando nos deparamos com informações ou estamos em um local que nos provoca deslumbramento, nossa mente se altera às vezes de forma profunda, relacionada à nossa memória e criatividade, sem contar que passamos a agir de modo mais altruísta com as pessoas mais próximas, ao mesmo tempo em que reduzimos nossa ansiedade.
Quem diz isso é o professor Ethan Kross, da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, em artigo publicado pelo escritor de ciências David Robson que procurou conhecer o trabalho de vários pesquisadores sobre o assunto, como a professora Michelle Shiota, de Psicologia Social da Universidade do Estado do Arizona que afirma nos sentirmos menores e menos significativos quando estamos diante de algo incrível e grandioso.
Uma das primeiras a pesquisar sobre o deslumbramento, Michelle afirma que o cérebro está sempre fazendo previsões sobre o que vai acontecer, estimulando a mente para orientar nossa percepção, atenção e comportamento e o deslumbre, com suas sensações, pode acabar confundindo essas expectativas, criando uma agitação na mente, fazendo com que o cérebro preste mais atenção ao que está à sua frente.
Essa reprogramação das previsões para simplesmente o que está em volta junta informações que além de ampliar nossa memória para detalhes pode aumentar nosso pensamento crítico; isso porque as pessoas focam mais no que é específico, no que estão vendo ou sentindo, sem precisar da intuição para se convencer.
O autor do artigo destaca que a forma com que nos observamos pode ser um dos efeitos mais significativos do deslumbramento exatamente porque nos sentimos pequenos e ficamos maravilhados com o que estamos presenciando ou ouvindo, o que leva, entre outras consequências, ao altruísmo.
Esta constatação ele também pegou de Michelle, quando ela afirma que “Quando estou menos concentrada em mim mesma, nos meus próprios objetivos e necessidades e nos pensamentos que passam pela minha cabeça, tenho mais capacidade de observar você e perceber o que você pode estar vivendo”.
David também lembra uma pesquisa em que Paul Piff, da Universidade da Califórnia dividiu os pesquisados em três grupos e os colocou para verem um clipe de cinco segundos sobre paisagens deslumbrantes, um de vídeos engraçados e um terceiro neutro, do tipo faça você mesmo. Depois, eles avaliaram quanto concordavam com afirmações como “sinto a presença de algo maior que eu” ou “sinto-me pequeno e insignificante”. Na sequência cada um recebeu 10 cupons de um sorteio de um vale-compras que poderiam dividir ou não com os parceiros. O número de participantes que dividiu os cupons foi maior entre os que ficaram deslumbrados, demonstrando que quanto menores se sentiam, maior era sua generosidade.
Outro benefício, segundo David, é a redução do chamado pensamento ruminante, quando a pessoa só pensa em uma coisa e acaba causando ansiedade, depressão e estresse, lembrando que podemos provocar o deslumbramento na natureza, arte, música ou esporte, rompendo os pensamentos negativos.
David conclui com outra frase de Michelle: “Tudo é questão de experimentar e prestar atenção no extraordinário à nossa volta, em vez daquilo que, para nós, é rotina”.

Eugenia Ramires (Neuroeducadora)
Blog: ForeSer Neurodiversidade

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