Recentemente a cantora Maria Rita confirmou como sendo de sua mãe, Elis Regina, a autoria de uma famosa frase sempre atribuída a ela: “Se Deus tivesse voz, seria a de Milton Nascimento”. Enquanto isso, o mineiro rebate dizendo compor suas canções pensando na voz de Elis. Podemos ser ateus, não apreciadores de uma outra música deles, mas ainda não nasceu um coração pronto para resistir ao timbre, à sonoridade, à harmonia, à limpidez vocal de cada um desses Artistas.
A música não se resume a um prazer captado pelos nossos sentidos tanto a audição quanto o tato, pois surdos também podem perceber o som. Até os taciturnos e carrancudos, relutantes a flutuar no enlevo da melodia, devem admitir os benefícios dela. Segundo a National Association for Music Therapy, a “Musicoterapia é a utilização da música para atingir objetivos terapêuticos: recuperação, manutenção e melhora da saúde física e mental… produzir mudanças desejáveis no comportamento”.
Como se fosse preciso, não há dúvidas: música é igual xarope, um remédio para ser usado. Com a ressalva de o amargo não ser necessariamente o melhor. Infelizmente este fato precisa ser provado para quem as experiências sonoras não ultrapassem o sertanejo universitário (sic), a caneta azul do Manoel Gomes, ou aquele bovino, cujo paradeiro é desconhecido desde 1974, quando João da Praia gritava “aonde a vaca vai, o boi vai atrás” . Males do ouvido.
Quem precise de um tratamento de choque, não deixe passar essa receita médica oferecida de graça por mim:
- Ouvir Gal Costa interpretando Dindi acompanhada por Tom Jobim na jornada norte americana de 1987
- Carta ao Tom 74 interpretada por Vinícius de Moraes e Quarteto em Cy em jejum todos os dias
Mas, se você precisar de um tratamento de choque, compre dois discos e faça uso intensivo: Raul Seixas, LP Krig-Há, Bandolo! e O MELHOR DE RITA LEE da Gravadora Fontana/Philips do ano de 1976.
Sim, você ficará por fora de muita coisa boa surgida depois dessa fase, mas garanto uma existência – senão mais saudável – cheia de prazer e um coração pronto para o amor.
Dr. Manoel Paz Landim
(Cardiologista, Professor da FAMERP de São José do Rio Preto)