“Intimidade gera aborrecimentos ou filhos. Como não quero aborrecimentos com a senhora, e muito menos filhos, trate-me por Senhor,” teria dito o ex-presidente Jânio Quadros, o mesmo do Fi-lo porque “quilo” e de outras anedotas já relembradas neste espaço.
Ninguém é infalível, e nem mesmo a velha raposa foge à regra, pois nem toda intimidade é carnal. Existem pessoas cujo convívio pessoal conosco é nulo, mas são intimamente relacionadas à nossa história: – são os amigos de nossos pais. Essas criaturas estão aí atestando esse fato quando nos são contadas histórias antigas e até hoje desconhecidas por nós.
São pessoas conhecidas apenas pelas fotos de nossos primeiros aniversários, ou nem tanto. Elas de repente aparecem e se põem a relembrar. “Esse é o senhor Takaki, pai daquele seu amiguinho”, ou “Seu pai me pediu para arrancar um palmito exótico exigido pela sua mãe quando estava grávida de você”. Como não ficar íntimo deles?
Os velhos amigos dos nossos velhos são muito saborosos e têm o poder de se fazerem íntimos de nós, exatamente pela antiga intimidade com nossos queridos antepassados. As recordações trazidas nos transportam ao passado com o frescor do recém acontecido. Eles conseguem nos fazer enxergar quem não está mais conosco com uma nitidez cristalina, além de rirmos a perder o fôlego.
Descobrimos segredos inacessíveis, apelidos inimagináveis e acontecimentos até então restritos. Conhecer o proibido nos dá a sensação de termos adquirido a maturidade e ficado aptos para o conhecimento das verdades ocultas. finalmente entendemos por que o tio fulano não visitava o irmão, o motivo do vizinho ter se separado da mulher, como o compadre ficou rico da noite para o dia, e tantas outras muitas e ótimas ( e não “poucas e boas”).
Intimidades? Venham aos montes!
Dr. Manoel Paz Landim
(Cardiologista, Professor da FAMERP de São José do Rio Preto)