Recentemente encontrei minha querida professora de Educação Moral e Cívica, Malu Caparroz, numa festa que, dentro de um abraço apertado deu-me os parabéns. Naquele momento eu não soube identificar o porquê da felicitação, por isso fui logo perguntando a ela o motivo daquele cumprimento especial. Envolvido no clima de alegria, de saudade e do amor filial que sempre nutri por ela, fui lembrado do meu aniversário, transcorrido há pouco. Era essa a razão para o instante ser ainda mais especial.
Os cuidados de uma educadora para com seu aprendiz foi o embrião do carinho que nos envolve. Um sentimento que cresceu com o tempo e hoje, adultos, germinar uma amizade verdadeira e um amor especial. Quando a vejo, o respeito reverente cede lugar para uma alegria ímpar e um agradecimento infinito. Dona Malu encarna a plêiade de instrutores de vida que ajudou minha família na forja do adulto que me tornei.
Naquela tarde, minha eterna professora não se furtou de seu papel para aplicar-me mais uma lição na felicidade do reencontro: fez-me ver a existência de intermináveis motivos que justificariam o seu cumprimento, mesmo que não fosse o meu aniversário. O primeiro deles é a oportunidade que a vida nos deu de continuarmos convivendo e compartilhando inúmeras conquistas. Ela, avó e eu pai, condições distantes daquelas tardes quentes no Segundo Grupo Escolar de Jales, mas hoje tão reais.
Os motivos se sucediam, revelando-se ao meu coração enquanto a festa seguia: confraternizávamos com uma quantidade enorme de amigos e tínhamos ao nosso redor nossa prole; Da minha parte, ao meu primeiro filho – que é o meu verdadeiro sonho realizado – vieram se somar outros dois, que o amor me deu; para acompanhar-me o cotidiano, está minha esposa, cuja vida em comum nos eleva a um crescimento mútuo e a uma convivência feliz. O lado profissional não podia passar despercebido, se era justamente uma educadora que se fazia presente. Nossos trabalhos, então, mostraram a face. A ela, em uma aposentadoria merecida e a mim, em reconhecimento pelo que conseguimos (família, professores, amigos, vida) me formar.
Enquanto os tantos outros parabéns aguardavam sua vez em fila, a emoção abria as portas até não aguentarem mais. Num estouro de boiada todos se comprimiram na sala e gritaram seus nomes. Embora eu não pudesse identificar um por um, o sentimento que ecoou foi capaz de iluminar velhas estradas e mostrar os esboços dos novos caminhos que estão por vir. Dona Malu continuou sentada à sua mesa, rodeada por tantos amigos, enquanto minha família ficávamos em nossos lugares. Só minhas emoções saíram para dançar enquanto eu cantava as mesmas melodias de sempre.
O coração não precisa de afinação.
- Dr. Manoel Paz Landim (Cardiologista, Professor da FAMERP de São José do Rio Preto)