Você tem medo da Inteligência Artificial (AI)?
Por qual motivo?
Os recursos desse campo disponíveis para a cardiologia já estão sendo usados. Para determinar a fração de ejeção ao ecocardiograma, por exemplo, a AI se mostra não inferior ao trabalho humano, como deixou claro um trabalho publicado recentemente pela revista NATURE (Vol 616, 20 abril 2023). E assim acontece com várias outras áreas, desde o enorme boeing voando por aí sem necessidade de piloto, até poderosas sondas espaciais.
O pioneiro da área, Geoffrey Hinton, se disse arrependido de ter contribuído para o avanço dessa tecnologia por causa da corrida das empresas de tecnologia em direção ao perigo. Ele se refere à Inteligência Artificial Generativa, responsável pelo queridinho ChatGPT, essa nova ferramenta capaz de produzir maldades ainda fora da imaginação.
Mas, agora é tarde.
Se o medo dessa inteligência advém da possibilidade de ser governado por robôs, aquietemo-nos. Isso já vem acontecendo faz tempo. Toda nossa vida está nas mãos dos algoritmos, o braço curto daquela tecnologia. A propaganda subliminar foi a primeira tentativa de dominação. Deu certo! Mesmo sem querer estamos com vontade tomar cerveja, comprar carro e comprar, comprar, comprar…
Quem possui um aparelho conectado à internet está fatalmente entregue às vontades das big techs ou de quem lhes pague para isso, inclusive campanhas políticas. Você não tem autonomia para pensar, raciocinar, tomar decisões. Nossa vida é gerida pelas máquinas há – pelo menos – uma geração. Se falarmos a palavra ‘Bolsa’ próxima a um aparelho celular, seremos bombardeados por toda sorte de anúncios sobre elas. Pochete, mochila, sacola, tudo relacionado à uma inocente fala. Faça a experiência.
Quando manifestamos nossa preferência política em uma rede social, imediatamente seremos conduzidos à bolha de iguais e teremos cada vez mais informações sobre o mesmo tema. Atrairemos somente pessoas com o mesmo pensamento e o assunto nas nossas rodinhas de conversa será aquele escolhido pelo nosso celular. Riremos e choraremos das mesmas coisas, seremos levados aos mesmos lugares e compraremos as mesmas coisas. Somos o elo fraco da cadeia.
Mas, se você acha isso um absurdo, antes de reclamar, pense comigo:
- É melhor uma inteligência artificial do que a burrice natural dos nossos jovens: –Seres não pensantes, consumidores de lixo cultural, pessoas que NUNCA abriram um livro para ler, crianças sem criatividade, seres vivos levados pela maré.
A cada conquista da AI eu dou vivas. Nosso lugar na humanidade foi perdido. Nos deixamos vencer.
Dr. Manoel Paz Landim
(Cardiologista, Professor da FAMERP de São José do Rio Preto)