Os cristãos do Brasil, representados pelos seus líderes — pastores, reverendos, padres e bispos — em sua maioria, tem participado ativamente do processo eleitoral e pregado para os fiéis que a Igreja de Jesus tem que participar ativamente do processo de escolha dos representantes políticos da nação.
Essa atitude é um tanto perigosa, pois os fiéis das Igrejas têm particularmente suas opções eleitoreiras e muitas vezes se contradizem com a preferência de seus líderes. Estremecem as relações entre os fiéis e os líderes, muitos não concordam, porque estão alinhados com partidos políticos desde longa data.
Mas proponho neste artigo a dizer que as Igrejas têm que tomar a atitude que Jesus teve frente aos políticos de sua época. Jesus foi acusado por ter promovido uma revolta política, e foi perante a autoridade romana, o procurador Pôncio Pilatos (Lc 23,2). Na medida que o julgamento se estendia, Pilatos recebia a pressão dos acusadores para condená-lo a morte.
O motivo da acusação contra Jesus, foi que seus acusadores usaram como desculpa, a sua pregação sobre o reino de Deus que era de justiça, amor e paz, e isso seria um adversário político e trazer problemas para o império Romano, e foi condenado a morte de cruz, ficando em todos os momentos em “silêncio” diante da sua sentença.
Mas Jesus não tinha preferência política e tampouco apoiou grupos ou tendências nas quais concentravam-se as opiniões e a ação política das pessoas que naquele tempo viviam na Galileia ou Judeia.
Isso não significa que Jesus estivesse alheio a tudo o que era de relevo na vida social do seu tempo. De fato, sua dedicação aos pobres e necessitados não passou inadvertida. Pregou a justiça e, sobretudo o amor ao próximo sem nenhuma distinção, era esse o seu foco principal e não desviou em nenhum momento.
Apesar de sua entrada triunfante no Domingo de Ramos em Jerusalém, tendo sido recebido pelo povo como um rei, Ele não era aquele Messias prometido pelos profetas que o povo esperava, não era um líder guerreiro que tinha vindo para mudar o uso das armas a situação em que se encontravam sob o domínio romano. Nem provocou uma mudança revolucionária que levasse o seu povo a se levantar contra o poder de Roma.
Para entender melhor sua atitude perante a política que vivia, foi sua escolha, que fez convocando 12 homens para serem seus apóstolos. Dentre eles destacamos: Simão o Zelote, era um ferrenho nacionalista radical e empenhado na independência do seu povo frente aos romanos; Judas Iscariotes, era judeu e extremista ao extremo e violento do nacionalismo judeu; Mateus era coletor de impostos para os romanos, “publicano”, era colaborador do regime político. Os demais escolhidos eram pescadores. Percebe-se que os “colaboradores” de Jesus tinham vida diferente e objetivos diferentes.
Aí está a lição que Jesus nos dá. Em nenhum momento tomou partido de um lado ou de outro, agiu de forma imparcial e tão somente apresentando seu plano de salvação a todos que o rodeavam, onde o lema principal era: “Amar o próximo como a ti mesmo”. O que está se vivendo em nossas igrejas é o ódio e o rancor tanto dos fieis como dos líderes, e isso não faz parte dos planos de Deus.
Osmar Gabriel
(Bancário aposentado e corretor de imóveis)