Monteiro Lobato já dizia que “quem mal lê, mal ouve, mal fala, mal vê”. Que a leitura amplia conhecimento, repertório, nos leva a lugares inimagináveis, sem sairmos literalmente do lugar, tudo é fato. Bem, mas com toda a tecnologia em avanço estonteante, os livros impressos, nesse cenário, têm ocupado menos visibilidade, o que impacta, negativamente, a leitura, se pensarmos na modalidade impressa como única alternativa; entretanto, não é mais essa a realidade!
Tentativas para se ler mais são ações de longo prazo. Nas escolas e universidades, a leitura é “obrigatória” (eu diria até “compulsória”), já que o conhecimento sistematizado vem, em sua maioria, registrado nos livros. Ainda, muitas instituições de ramos diversos do mercado têm investido em projetos de leitura: recebemos até livros em nossas casas para que, desenvolvendo a literacia familiar, possamos ler com os filhos, netos, sobrinhos…
O mercado, por sua vez, mesmo com objetivos voltados para as vendas dos produtos, não deixou de ousar e investir em leitura, explorando o universo infantil com designers e apetrechos que vão desde os livros laváveis até os falantes. Assim, a leitura convencionalizada nos livros impressos, nas mais diversas formas, tem sido iniciada e oferecida ainda na tenra idade.
E a tecnologia, onde entra? Pois bem, ela tem tido papel relevante, inclusive na leitura! Pensemos nos e-books e nas inúmeras leituras on-line disponíveis no mundo digital, das mais triviais às mais densas, como os textos científicos e as bulas de medicamento. Mas e o acesso, é democrático?
De acordo com a CNN Brasil, uma pesquisa realizada pela TIC Domicílios em 2020 revela que 81% das residências brasileiras possuem acesso à internet, seja móvel ou fixa. Sem dúvida, é um alto índice, se olharmos para a realidade brasileira que ainda demanda ações de saneamento básico em várias partes do país, mas vamos lá! Se ainda compararmos o índice de acesso à internet com o de acesso a bibliotecas, creio que estaríamos em um páreo, já que livros impressos também não são tão democráticos assim, nem todos têm acesso a eles, infelizmente.
Nossa reflexão, diante da realidade superficialmente analisada, é de que a tecnologia não veio para substituir livros, tampouco tirar o gosto que muitos apreciam em receber em casa ou comprar nas livrarias um livro, jornal ou revista física (o cheiro do papel é uma sintonia forte também entre escritor e leitor), mas de otimizar alternativas de suporte de leitura para todos os contextos, sem “desculpas” para negar-se à leitura.
“Uma vez que você aprende a ler, você será livre para sempre”, escreveu Frederick Douglass, autor e defensor da causa abolicionista. Assim, não importa qual o suporte, se digital ou não, mas ler sempre vale a pena!
Prof.ª Me. Alessandra Manoel Porto
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Docente Fatec Jales – [email protected]