A 1° Revolução Industrial mudou totalmente a percepção de trabalho, devido à automação das máquinas, que substituiu trabalhadores e as longas jornadas de serviço. Da mesma forma, a chegada da inteligência artificial impactou a manipulação das máquinas, capacitando-as a raciocinar semelhantemente à mente humana. A inteligência artificial passou a ser a “seleção natural moderna”, atuando como agente de filtro de indivíduos mais preparados para o mercado, excluindo os demais.
Diante dessa situação, tem-se que as relações de trabalho contemporâneas são influenciadas, diretamente, pela revolução tecnológica, movimentando todos os setores da economia. Todavia, infelizmente, ainda, grande parte da população mundial encontra-se estagnada e despreparada à tamanha necessidade evolutiva, reflexo da baixa escolaridade e frágil capacitação dos indivíduos. Assim, a teoria darwinista se faz presente, uma vez que seleciona os mais fortes e despreza os mais fracos. Exemplo disso são as inúmeras plataformas de seleção de currículos com base em filtros estritamente “tradicionais”, que segregam muito mais que incluem: gênero, idade, estado civil, peso, altura… (a lista é longa).
Da mesma maneira, a opressão motivada pelo desemprego assusta, principalmente em países emergentes e subdesenvolvidos, carentes de evolução e tecnologias inclusivas, moldando os fluxos econômicos do país. Nem todos têm acesso até mesmo à internet!
E assim, a intensa ressignificação do trabalho sem corresponsabilidade social caminha na contramão da geração de emprego no contexto atual da população, impactando gerações futuras. Nesse sentido, é prematuro acelerar o processo de “transição trabalhista” ou fartaremos de mais desempregados, que, hoje, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA (2023), correspondem a uma taxa de 8,6 %. Isso, sem contar com a realidade dos subempregos.
Não podemos negar que a inovação dos meios de serviço seja importante, entretanto, desde que todos estejam propriamente capacitados às relações contemporâneas de trabalho. Pensar na alternativa de projetos com ampliação dos campos de atuação dos cursos técnicos, por meio do incentivo de parcerias com empresas globalmente potencializadas, é uma saída para que ninguém seja vítima da desenfreada “inovação”.
Não podemos deixar a máquina decidir por nós, ou seja, a criatura deve se curvar ao seu criador (máquina e homem). Para isso, políticas assertivas de ingresso a bons cursos gratuitos, viabilização de ferramentas da IA e de internet gratuita ou mais acessível são algumas propostas eficazes, que poderão testificar o pensamento do escritor americano Stephen Covey: “a tecnologia vai reinventar o negócio, mas as relações humanas continuarão a ser a chave para o sucesso”.
Prof. Me. Alessandra Manoel Porto
(Engenheiro de Confiabilidade de Site na Pipefy e ex-professor da Fatec Jales)