Ao longo dos quase 7 anos da coluna Fatecnologia, buscamos trazer os prós e os contras da tecnologia na vida dos seres humanos. Por certo enfatizamos os benefícios, mas um infeliz fato, ainda não abordado, precisa ser discutido. Trata-se do imenso contingente de pessoas que não têm acesso à tecnologia, nem a suas formas mais básicas, o que representa mais um abismo na raça humana. Sim, existem “alguns países” que não possuem praticamente nada de tecnologia, dentro do nosso e de outros países.
Recentemente foram divulgados dados assustadores sobre a pobreza e a miséria no Brasil. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2022), 13,5 milhões de brasileiros estão vivendo abaixo da linha da pobreza, o que representa 6,5% da população. Se considerarmos, de acordo com o Banco Mundial, a categoria “linha da pobreza” em países em desenvolvimento as famílias que sobrevivem com US$ 5,5 (aproximadamente R$ 22,00) por dia, o Brasil tem 25,3% da população nessa condição, o que equivale a 52,5 milhões de pessoas. Somando-se essas tristes realidades, chegamos então ao número de aproximadamente 66 milhões de habitantes, o que representa quase a população do Reino Unido.
A maioria dessas pessoas não possui acesso a tecnologias básicas, como internet de qualidade, o que acaba limitando o uso de outras, como canais de streaming, e-commerce, educação remota ou ensino a distância (EaD) e redes sociais. É bem verdade que vivemos sem elas até praticamente a primeira década deste século, o que não nos impossibilitou de viver, mas o grande problema da “pobreza tecnológica” é a segregação imposta a essa grande parcela da população, que tem a sua liberdade de ir e vir, tecnologicamente falando, suprimida.
Uma das principais consequências dessa segregação é a perda de competitividade em um mundo cada vez mais conectado e informatizado, o que interfere, por exemplo, na procura de um trabalho. Um cidadão com acesso à tecnologia pode utilizar sistemas de busca da internet, sites de busca de empregos e de classificados de emprego, inclusive jornais digitais, além de ser beneficiado pelo próprio networking adquirido ao longo dos anos nas redes sociais. Também pode, inclusive, criar o seu negócio digital, oferecendo seu conhecimento, sua prestação de serviço ou produto, por meio de blogs, anúncios etc., a um custo praticamente zero. Já “os sem tecnologia”, além de todos os graves problemas sociais que enfrentam, ainda se deparam com o isolamento tecnológico.
O Brasil e o mundo devem encarar mais essa mazela social e é nosso dever como cidadãos cobrar as autoridades constituídas nesta missão de inclusão tecnológica.

Prof. Dr. Evanivaldo C. Silva Júnior
Docente e Diretor da Faculdade de Tecnologia Professor José Camargo- Fatec Jales
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