E chegamos ao final de setembro, o mês destinado à reflexão sobre a valorização da vida. Valorizar a vida é relocalizá-la como algo de importância imensurável, mesmo em meio a um turbilhão de informações, de violências e de desencontros… Como é possível relocalizar a vida se o tempo não para, se não podemos voltar ao passado e o futuro é desconhecido?
Relocalização da vida, segundo a autora Helena Norberg-Hodge, é a utilização de estratégias funcionais para problemas triviais de modo a deixar a vida mais leve, revalorizando pequenas ações e o agora. A teoria “condena” o capitalismo, o consumismo desenfreado e valoriza as relações humanizadas e empáticas, de corresponsabilidade com ou outro, com a sociedade, com o planeta e, portanto, tem tudo a ver com sentir-se bem e promover isso também ao outro.
Quando adultos, “conseguimos fazer” (muitos de nós tentam) uma avaliação daquilo que não foi positivo em nossa vida e, mesmo que seja impossível voltar, temos convicção de que se pudéssemos, corrigiríamos ações. Mas tudo isso não é tão simples, particularmente em se tratando de jovens que têm enfrentado desafios de toda a ordem, inclusive dentro de suas casas, com impactos latentes e abruptos na vida emocional.
Nas escolas, local onde muitos jovens passam grande parte do dia, muitos profissionais já conseguem observar neles, sinais de que já necessitam de um olhar mais cuidadoso para que a vida seja relocalizada. Relocalizar a vida, nessa perspectiva, não significa isenção de regras, de limites, mas também não significa campos muito abertos, sem acompanhamento, orientação, monitoramento, sem cuidado… Isso pode conotar falta de amor e de proteção, de construção da ideia de que só o futuro é que valerá a pena e que apenas nele é que as coisas acontecem… Mas onde estaria o futuro?
Muitas ações de autoajuda têm sido tema de muitas instituições públicas, privadas e até mesmo do terceiro setor. Como exemplo, o professor Alexandre Bernardes, docente da Fatec Jales, tem sido presente em várias escolas com a palestra sobre “Felicidade: uma escolha ou conquista” e tem impactado importantes reflexões junto aos jovens ressaltando que viver é se reconstruir a cada dia, fortalecendo nossas competências emocionais de modo a sermos fortes e resilientes diante de algumas situações que nos entristecem, afligem ou contrariam.
Embora a tecnologia tenha desafios enormes de concorrência com a não relocalização da vida, trazendo-a como algo muito capitalizado, há também profissionais que se dedicam a pequenos vídeos de autoajuda que tem ajudado bastante (na pandemia da Covid – 19, isso ficou bem evidente e tem prevalecido). A vida tem de ser divulgada como algo valioso e requer ser olhada com muita atenção para dentro das nossas casas, escolas, ambientes de trabalho, enfim, para nós mesmos que às vezes não conseguimos enxergar a necessidade do outro porque nós mesmos estamos marcados por ela.
Daí, investir na educação em todas as suas frentes, fortalecer as redes protetivas, a saúde com formação profissional cada mais humanizada, enfim, que todos assumamos, primeiramente, a relocalização da nossa vida em função do outro e a corresponsabilidade que temos de exercer. Se não conseguirmos sozinhos, precisamos buscar ajuda para nós e para o outro!

Prof. Me. Alessandra Manoel Porto
[email protected]
Docente Fatec Jales – [email protected]

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