Estamos passando por um momento deveras complicado, não é mesmo? “Pós”-pandemia, crise econômica, inflação, polarização política e ideológica, conflitos de interesses econômicos e territoriais mundo afora, entre outros problemas. Todos esses fatores geram um cenário com enormes desafios para o setor logístico, na medida em que começam a surgir empecilhos nas transações comerciais, na produção de bens e serviços, na gestão de estoques e até mesmo nos transportes de mercadorias.
O “Council of Logistics Management” norte-americano (CLM), entidade que tem como objetivo desenvolver a teoria e a compreensão do processo de logística, passou a definir o conceito dela, a partir de 1991, como: “A parte da cadeia de suprimentos que se encarrega dos processos de planejamento, implementação e controle de maneira eficiente do fluxo e da armazenagem de produtos, bem como dos serviços e informações associadas, cobrindo desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor.”
Segundo o autor, a logística exerce total influência sobre como as mercadorias chegam até o consumidor, seu preço, sua quantidade e, até mesmo, sua qualidade, impactando diretamente a disponibilidade de produtos aos consumidores e, consequentemente, suas escolhas.
Dentro desse contexto, o gestor de logística deve estar sempre atento e atualizado quanto à situação da economia global, clima, movimentações políticas, constantes mudanças nos custos de operação, etc. Nesse cenário de eventualidades, precisa encontrar as melhores alternativas para enfrentar as diferentes situações, buscando adaptação ao panorama que se mostra, afinal, o mundo não pode parar.
Uma empresa que fez uso dessa visão atenta e atualizada para conseguir contornar uma situação adversa, a pandemia, foi a Diálogo Logística, maior empresa de logística do sul do Brasil, especializada em entregas de e-commerce, que atende em mais de mil municípios.
Preocupada com a segurança e prevenção do contágio entre colaboradores e clientes, passou a utilizar um aplicativo para confirmação do recebimento de mercadoria por comando de voz, que contribuiu também para a agilidade do processo (o tempo para obter informações completas sobre um pedido era de 24 horas; hoje, em 1 hora, tudo é repassado para o banco de dados). Atualmente, todos os entregadores usam a ferramenta.
Outra empresa que soube lidar muito bem com a crise foi a Randon, maior fabricante de carrocerias do Brasil. Na crise ocorrida em 2008, enquanto muitos reduziam suas atividades, ela aproveitou para “arrumar a casa”, com a adoção da filosofia de “fazer mais com menos”. Segundo David Abramo Randon, diretor-presidente, isso foi feito “Com muito treinamento, criatividade e melhoria de processos. Adotamos novos materiais, por exemplo. Diluímos nosso endividamento, reduzimos os estoques, simplificamos. O importante era sair do ‘quadrado’”. Com isso, a empresa conseguiu contornar a crise e, disso, tirar lições valiosas.
É necessário, portanto, que o gestor de logística acompanhe sempre o que ocorre no mundo, que antecipe, inclusive, possíveis situações adversas. Ele precisa medir constantemente a demanda esperada, adequar os seus estoques a ela e conseguir melhores negociações na compra e/ou venda dos produtos. Tudo isso gera uma redução de custos, maximização do lucro e um aumento da competitividade, tão exigida e crucial para a sobrevivência de qualquer empresa nos tempos atuais.
Flávio Chagas de Matos
(Estudante do curso de Tecnologia em Gestão Empresarial)