Nos últimos anos, temos testemunhado uma profunda transformação no cenário econômico global, impulsionada por avanços tecnológicos, mudanças culturais e novas formas de interação entre empresas e consumidores. Este novo paradigma econômico, frequentemente denominado a “nova economia”, está redefinindo fundamentalmente a maneira como produzimos, consumimos e colaboramos, com maior ênfase na tecnologia, inovação, flexibilidade, sustentabilidade, colaboração e compartilhamento. Mas nem tudo são flores!
A nova economia é definida por Balestrin; Verschoore (2008), como modelos econômicos específicos que se concentram em áreas como criatividade (economia criativa), sustentabilidade (economia sustentável), compartilhamento (economia compartilhada) e colaboração (economia colaborativa).
Dessa forma, diferencia-se da economia tradicional porque tem como pilar três frentes: sustentabilidade, tecnologia e ser humano (trabalhador e consumidor), ou seja, o lucro não vem como pilar principal (pelo menos não deveria).
Embora haja muitos pontos positivos quando estudamos sobre as novas economias, há pontos que, de certo modo, carecem muito da nossa criticidade. Sobre isso, o colunista Newton Rodrigues (2021), já apontou que, muitas, vezes, as novas economias são uma nova roupagem da economia tradicional, haja vista burlarem os três pilares em prol da empresa para que se obtenha maiores lucros com menos responsabilidades sociais.
Como exemplo dessas “maquiagens”, tem-se os refis de produtos (de beleza, limpeza) a preços pouco convidativos e há uma imensa propaganda sobre a economia deles… Os motoristas de aplicativos que, até pouco tempo, não tinham sido reconhecidos como profissionais, legitimando o trabalho prestado (os motoristas entram com o carro, trabalho e manutenção e a empresa contratante apenas com o nome). A tecnologia dispensa, muitas vezes, o uso de papeis, de viagens, mas tem prendido muitas pessoas até mesmo em “favor do trabalho”!
Ainda, a energia eólica: seria mesmo interesse a produção dela? Se sim, por que tão cara e pouco acessível? Por que juros tão altos para financiar? Além disso, na economia criativa, o “criador” passa ser explorado não conseguindo, na maioria das vezes, negociar sua criatividade diretamente – ela é mensurada e precificada e nem sempre é o autor recebe o valor devido por ela, mas alguém sim!
E há muito mais: fica mais caro adquirir uma peça de um eletrodoméstico que consertá-lo; dispensar o trabalhador porque requer um horário mais flexível por conta dos estudos; o consumidor fica horas e horas no celular para suspender um contrato que foi prometido encerrar assim que quisesse…
As reflexões propostas aqui não repudiam muitas ações e projetos sérios que têm sido feitos, mas nos alertam sobre inúmeras hipocrisias das quais somos massas de manobras… Seria mais ou menos praticar o ditado popular: dá-se com uma mão e retira-se com a outra! Que durmamos com os olhos bem abertos!
Prof. Me. Alessandra Manoel Porto
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Docente Fatec Jales – [email protected]