A partir dos anos 2000, com o advento da chamada Web 2.0, em que os usuários da grande rede passaram a ser produtores e não apenas consumidores de conteúdo, o comportamento dos consumidores mudou totalmente. Essa nova era trouxe consigo uma nova profissão: o influenciador digital (digital influencer ou simplesmente influencer).
Hoje, esses profissionais do novo marketing são essenciais nas campanhas publicitárias das grandes empresas, ocupando lugares que outrora eram das celebridades da TV. Segundo uma pesquisa do instituto Qualibest, identificada como “O post é pago, e aí?”, realizada em 2019, cerca 76% dos consumidores já realizaram compras por meio de indicações de influenciadores digitais. Apesar de esse número ser expressivo, não é surpreendente, considerando que a sociedade atual possui uma cultura digital muito forte. Essa pesquisa também mostrou outros números interessantes: 63% gostam que os influenciadores recomendem produtos; 55% acreditam que essas recomendações são menos invasivas do que os anúncios da TV e da internet; e 50% afirmam pesquisar opiniões de influencers antes de comprar um produto.
Para um influenciador, quanto mais seguidores, mais o seu perfil é valioso e maiores são as chances de ganhar dinheiro, considerando a quantidade e a diversidade cultural e geográfica do seu público. Para as empresas anunciantes, grande popularidade significa grande alcance e maiores chances de venda. Mas não se engane, boas estratégias de marketing de conteúdo apoiadas por influencers não são exclusividade das grandes marcas. Os pequenos influencers estão ajudando as pequenas empresas a se destacarem no mundo digital. Vejamos.
Longe de ser uma celebridade do Youtube, um microinfluenciador possui entre 10 mil e 50 mil seguidores. Por sua vez, um nanoinfluenciador possui entre 1 mil e 10 mil. Enquanto as celebridades possuem um público vasto e diversificado, os pequenos influencers possuem seguidores mais parecidos com eles, com os mesmos interesses e opiniões, o que gera uma sensação de maior proximidade e empatia. Assim, eles conseguem dialogar com um público mais específico (mais “nichado”, no linguajar do marketing), aumentando o engajamento com a marca e as possibilidades de vendas e prospecção de novos clientes.
Ademais, por serem mais “próximos” dos seus seguidores e, em muitos casos, realmente usarem aquele produto ou serviço, a mensagem adquire um maior tom de autenticidade, e o influenciador, mais confiança. Aqui convém destacar que a pesquisa do instituto Qualibest apontou que cerca de 35% das pessoas deixam de seguir influencers por julgar que suas recomendações são forçadas e nada autênticas.
Assim, se você possui uma grife de roupas teen e deseja divulgar uma nova coleção de inverno, ao invés de procurar um grande influencer, por que não buscar um pequeno influenciador local que produza conteúdo para adolescentes? As organizações de menor porte, principalmente as que possuem fortes presenças regionais, e as pequenas empresas estão firmando rentáveis parcerias com esses pequenos divulgadores. Os seguidores também saem ganhando, pois sentem-se mais seguros aos adquirir um produto ou serviço indicado por alguém que dialoga diretamente com eles, respondendo a comentários nos posts ou atendendo a sugestões de reviews.
Eu tenho visto diversas ações, ainda que tímidas, de empresas da microrregião de Jales que anunciam no Instagram de pessoas comuns, que talvez nem saibam, mas já são pequenos influenciadores. Assim, acredito que temos um potencial ecossistema de pequenos influencers, o que pode ser de grande ajuda na retomada da economia no período pós-pandemia.
Prof. Me. Jorge Luís Gregório
Docente da Fatec Jales
www.jlgregorio.com.br