Talvez uma das características mais marcantes do século XXI, a qual as gerações anteriores à chamada geração Y (nascidos antes de 1995) conseguem perceber com maior percepção do que as posteriores, é a chamada “geração nem-nem”. Ela inclui as gerações Z e Alpha, talvez até parte da Y, e representa os jovens ou jovens adultos que nem estudam, nem trabalham.
A princípio, tal rotulagem, por muitos vista como pejorativa, pode até não significar grandes problemas, afinal, para muitos, “nem só de trabalho vive o homem!”. No entanto, a problemática que merece destaque nem é tanto o fato de existir uma legião de pessoas que “não produzem nada”, mas, sim, as consequências reais desse tipo de conduta.
Ora, se a pessoa não estuda ou, num contexto mais geral, não se capacita, ela se torna cada vez mais inútil do ponto de vista do mercado de trabalho. Se, por outro lado, ela não trabalha ou, ampliando o conceito, não tem ocupação, significa que não faz parte do mercado de trabalho, não gera riquezas, não produz, enfim, representa um “passivo social”.
Em ambas as situações, alguém tem que arcar com o “peso social” que essas pessoas representam e, normalmente, quem faz esse papel são os pais, responsáveis ou, até mesmo, a sociedade. Uma situação no mínimo desconfortável, concordam?
O pior é saber que a tecnologia pode ter um papel fundamental nisso tudo. Uma parte considerável dessa geração é muito influenciada por “digital influencers”, que, mesmo que “involuntariamente”, pregam, em sua maioria, estilos de vida que induzem as pessoas à alienação, quando não às frustações e ilusões de que todos alcançaram o sucesso de forma fácil, rápida e sem estudo! Muitos influenciadores constroem nas redes sociais um mundo cercado de futilidades e luxo em que tudo é possível, permissível, em que cada um faz a sua lei e constrói seus princípios éticos e morais. Para ganhar dinheiro, basta ser polêmico, sarcástico, rebelde com a moral imposta e socialmente agressivo.
Claro que não podemos generalizar, mas, diante desse cenário, surge a questão: o que poderia incentivar um jovem a iniciar uma carreira com um salário de iniciante (próximo do salário mínimo), tendo que estudar e continuamente se capacitar para buscar ascensão na carreira e, após um período relativamente longo de tempo (às vezes décadas), alcançar melhores remunerações, reconhecimento e sucesso profissional? Complexo, não?
Alguns especialistas dizem que, em breve, haverá um vácuo devido à falta de pessoas habilitadas para suprir as necessidades profissionais do mundo moderno. Essa lacuna deverá impactar a vida tanto das gerações anteriores, que estarão aposentadas, quanto das mais novas, ainda em fase de desenvolvimento, que deverão suprir essas ocupações.
Torçamos para o surgimento de uma geração reparadora dotada de superpoderes de superação! Talvez a geração R.

Prof. Dr. Evanivaldo C. Silva Júnior
Docente e Diretor da Faculdade de Tecnologia Professor José Camargo- Fatec Jales
fatecnologia@fatecjales.edu.br

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