Considerando a polarização e a “esportificação” que resumem as atuais eleições no Brasil, acredito que a maioria das pessoas já decidiu o seu voto para os cargos do executivo, tanto do estado como da federação. Apesar de as eleições para governador e presidente ganharem grande destaque por parte da mídia, deveríamos dar maior atenção aos cargos do legislativo, pois são os deputados estaduais, os deputados federais e os senadores que fazem e aprovam as leis que influenciam diretamente nossa vida.
Decidir em quem votar nos cargos do legislativo pode não ser uma tarefa simples, ainda mais para aqueles que não aprovam o “bairrismo eleitoral” do interior. Segundo o professor e filósofo Luiz Felipe Pondé, a formação acadêmica não implica melhor discernimento, pois a decisão do voto passa por questões mais complexas, tais como a simpatia pelo candidato, a compatibilidade ideológica e de valores morais, entre outras. Pondé também destaca que a capacidade de perceber a corrupção seletivamente não tem nada a ver com a falta de formação acadêmica ou perfil socioeconômico.
Felizmente, no presente século, temos muitas ferramentas de tecnologia da informação e comunicação (TIC) que podem nos auxiliar direta ou indiretamente na dura missão de encontrar um candidato que nos represente. Uma das grandes mudanças que as TICs trouxeram para o caos das eleições foi a eliminação de intermediários quando o assunto é informação. Se no passado confiávamos cegamente no que as mídias tracionais propagavam (rádio, TV e jornal impresso), hoje temos a liberdade de escolher onde buscar informação.
Todavia, o processo de escolha de um candidato pode se tornar ainda mais difícil considerando o oceano de informações desencontradas, contraditórias e fragmentadas da internet. Ademais, o fenômeno pós-moderno das fake news faz com que a verdade, em muitos casos, seja apenas uma questão de conveniência. Talvez por isso muitos eleitores preferem aderir ao “efeito manada”, ao “bairrismo” ou ao “corporativismo”, votando naqueles que o seu grupo social ou categoria profissional indicam, sem analisar fatos e informações sobre os nomes sugeridos.
Então, o que fazer? Não existe receita, mas as TICs estão aí e podem ajudar! Por exemplo, o site Ranking dos Políticos (www.politicos.org) disponibiliza um sistema de ranqueamento que pode ajudar a conhecer melhor os deputados federais já eleitos. Segundo o próprio site: “a pontuação dos políticos é definida de acordo com sua atuação no combate à corrupção, aos privilégios e ao desperdício da máquina pública. Para apurar isso, avaliamos os dados sobre presenças nas sessões, economia de verbas, processos judiciais e votações dos parlamentares nas decisões mais importantes do Congresso”. Eles também afirmam que o projeto não possui qualquer vínculo com partidos e é financiado pelos próprios idealizadores, além de receber doações de pessoas físicas. Vale a pena visitar o site caso pretenda votar em um dos parlamentares que concorrem à reeleição. Agora, se o seu candidato nunca foi político, vale a pena usar o bom e velho Google!
Além do Ranking dos Políticos, basta uma rápida pesquisa nas lojas de aplicativos dos celulares para encontrar uma série de ferramentas que usam dados públicos digitais para mostrar informações sobre a atuação dos parlamentares. Há também sites que investigam boatos e fake news, como o Boatos.org (www.boatos.org), e as controversas e polêmicas, que funcionam como agências de checagem de fatos.
Enfim, há muitos recursos, só precisamos usá-los! Leia, pense, reflita, compare, discuta. Não seja mais um fã, mais um seguidor. Seja um cidadão e não deixe que ninguém decida por você.

DemonstraÁ¿o do uso da urna eletrÙnica para as eleiÁ¿es de 2006.

Prof. Me. Jorge Luís Gregório
Docente da Fatec Jales
www.jlgregorio.com.br

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