Você, possivelmente, conhece o termo spam, relativo a mensagens indesejadas normalmente enviadas na forma de e-mails, que nos aborrecem, atrapalharam o fluxo esperado de informação, lotam a nossa caixa de mensagens e nos perturbam com lixo eletrônico.
Mas o pior ainda está por vir. Recentemente, surgiu o termo slop, em tradução literal “desleixo”. E também está inserido no contexto da tecnologia da informação e comunicação (TIC) e está relacionado à produção de mensagens indesejadas pela inteligência artificial (IA).
Os sistemas de IA têm sido amplamente utilizados por pessoas e empresas para gerar conteúdo ou mesmo simular certos comportamentos que visam, muitas vezes, à monetização. Eles podem, por exemplo, ser usados para aumentar artificialmente a quantidade de acessos a um usuário de uma rede social de modo a impulsionar o perfil do proprietário, alavancando, assim, o número de seguidores, reais (humanos). Trata-se, portanto, de uma forma de burlar o sistema natural de engajamento, que vale para sites, e-commerce, portais de informação, entre outros. Esse tipo de uso é programado por seres humanos com um intuito real pré-estabelecido.
No entanto, ao mesmo tempo em que algoritmos de IA têm criado, de forma autônoma, grandes volumes de conteúdo com o objetivo de também massificar informação, em vários segmentos tais algoritmos têm gerado conteúdo sem, necessariamente, um objetivo definido, sendo a maioria das informações geradas de caráter aleatório, isto é, sem uma finalidade específica. Esse tipo de conteúdo é denominado “slop”.
Ele denota, de certa forma, uma perda de controle dos algoritmos de IA, que, indiscriminadamente, estão “criando” conteúdos com ou sem sentido próprio, sendo uma boa parte deles falsos, inúteis ou spams, o que tem tornado a internet, cada vez mais, um ambiente inseguro.
Assim, slops e outros atores digitais como chatbots (robôs eletrônicos), contas digitais fakes ou inativas, além de nós humanos, coabitam um ecossistema caótico em que se torna cada vez mais difícil distinguir o que é real e o que é lixo. Eles têm alimentado uma teoria cada vez mais próxima de ser comprovada, chamada Internet Zumbi ou Internet Morta, uma rede mundial progressivamente disfuncional, cada vez mais sem sentido, em que não há conexões sociais reais ou mesmo algo com nexo.
Alguns especialistas apontam para a necessidade emergencial de se buscar uma forma de identificar aquilo que seja criado por IA, como um selo ou código de aviso “Criado por IA”, ou mesmo taxar alguns serviços ainda gratuitos, como as redes sociais, de modo a banir ou pelo menos minimizar o impacto desses fenômenos no “mundo real”.
Apesar de necessário, particularmente acredito ser muito difícil de isso ser executado. Qual a saída? Talvez, simplesmente, sair desse mundo digital…
Prof. Dr. Evanivaldo Castro Silva Júnior
(Docente e Diretor da Faculdade de Tecnologia Professor José Camargo – Fatec Jales)
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