Alan Kay, programador norte-americano, hoje com 82 anos, afirma que “a tecnologia só é tecnologia para quem nasceu antes de ela ter sido inventada”. É, realmente, ela tem caminhado para a inclusão digital de muitos nascidos antes dela. Isso é uma realidade, particularmente quando olhamos para a terceira idade e para a relação dela com a tecnologia.
Ir ao banco e ter acesso à conta, ao pagamento da aposentadoria e aos demais serviços oferecidos já faz parte da rotina dos idosos. Assim, colocar a digital no caixa eletrônico passou a ser trivial, mesmo que com o acompanhamento de um terceiro da confiança deles, claro!
Uma pesquisa realizada em 2021 pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) indica que 97% das pessoas com mais de 60 anos acessam a internet. O estudo aponta, ainda, um aumento de 29% em relação a 2020.
Com a pandemia e a necessidade de se manterem em casa, em quarentena, a otimização dos celulares, computadores, tabletes e notebooks foi muito aceita e usufruída pelos idosos – fizeram lives, gravaram, filmaram, fotografaram, postaram…
Prova disso foi o que ocorreu no domingo passado, nas eleições. Como atuo há 30 anos como colaboradora da Justiça Eleitoral, percebi diferenças no comportamento da terceira idade. A partir de 1996, com a chegada das urnas eletrônicas, muitos idosos sentiram-se intimidados a votar – tinham receio da máquina, porque a tecnologia era algo ainda muito novo. Neste pleito, fiquei emocionada em ver o quanto avançaram (penso que a pandemia os “treinou” bastante)!
E a digital, que maravilha! Os que não assinavam por não serem alfabetizados, por não escreverem nem sequer o nome, sujavam os dedos com tinta da “refutada almofadinha”. Nestas eleições, uma senhora, ao ser solicitada que colocasse o dedo na “maquininha” do mesário para a captura da digital, disse, em tom enfático, “mas assinar eu sei” e, após explicação do colaborador, comparou: “ah, é igual à do banco”, o que a deixou mais segura para inserir suas marcas.
Nossa reflexão também se atenta para não mascarar que ainda há muito por fazer quanto à inclusão digital da terceira idade. A Fatec Jales, por exemplo, já capacitou esse público para os desafios da pós-modernidade por meio do Projeto “Click Melhor Idade”, que foi muito relevante – ele vinha para aprender não apenas tecnologia, mas tecnologia funcional.
Essa tecnologia que leva essas pessoas aos bancos, às compras, às eleições, aos encontros, às lives e a tantos outros lugares tem permitido que vivam em um mundo cada vez controlado pela era digital. Como disse Steve Jobs, “a tecnologia move o mundo”, e ela deve estar disponível a todos para suprir as reais necessidades humanas, inclusive daqueles que nasceram depois dela.

Profa. Me. Alessandra Manoel Porto
[email protected]
Docente Fatec Jales – [email protected]

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