Na semana passada, foi publicada uma carta aberta à sociedade, com aproximadamente 1000 signatários especialistas em Inteligência Artificial (IA), entre eles Elon Musk, fundador, diretor-executivo e diretor-técnico da SpaceX, CEO da Tesla, Inc., vice-presidente da OpenAI, fundador e CEO da Neuralink, cofundador, presidente da SolarCity e proprietário do Twitter. Ela alerta sobre os perigos que a IA potencialmente pode gerar à humanidade.
A carta oficialmente enviada ao mundo apresenta uma mensagem muito importante, mais que necessária, mas, infelizmente, passou um pouco despercebida. O alerta quanto ao avanço da inteligência artificial (IA) como tecnologia revolucionária em crescimento exponencial deflagrada neste século não é algo tão recente, porém, da maneira como foi formalizado, inspira, no mínimo, cuidados.
Os problemas que a IA pode gerar são muitos. O famoso gênio da física Stephen Hawking, inclusive, já havia listado essa tecnologia como uma provável ameaça à existência da raça humana pouco antes de falecer, em 2018. Mas uma questão mais eminente chama a atenção: o desemprego. Segundo a carta, aproximadamente 300 milhões de empregos devem ser ocupados pelos algoritmos de IA nos próximos anos no planeta; em economias europeias e norte-americanas, isso pode ocorrer com até um terço dos empregos.
A situação é tão grave que na carta há uma clara recomendação aos governos do mundo: que haja interdição governamental sumária dos avanços da IA para os próximos 6 meses visando uma análise mais profunda do impacto dessa tecnologia nos segmentos econômicos, sociais e educacionais dos países. Trata-se, portanto, de um alerta vermelho!
Alarmismo, exagero, teoria da conspiração. O fato é que a diferença entre o remédio e o veneno está no tamanho da dose. Ao atribuirmos ou mesmo delegarmos muitas responsabilidades aos algoritmos, maravilhados pela modernidade, satisfeitos com o aumento de produtividade, iludidos pelas “facilidades vindouras” do novo mundo, estamos dando um tiro no próprio pé- neste caso, no cérebro mesmo.
Alguns podem ser tocados pelo pragmatismo do “não à censura”, mas a proposta de dar um tempo para a discussão, buscar reflexões pautadas na ciência, na economia e, por que não, na antropologia e fazer um cálculo mais assertivo sobre os riscos é mais que necessária, é uma questão de sobrevivência.
Se essa visão é uma questão corporativa, de sobrevivência humana, assim o seja, afinal, se os dinossauros pudessem ter desviado o asteroide que se chocou contra a Terra há 66 milhões de anos, não o teriam feito?

Prof. Dr. Evanivaldo C. Silva Júnior
Docente e Diretor da Faculdade de Tecnologia Professor José Camargo- Fatec Jales
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