As discussões em torno dos impactos que a iminente automação em massa, causada pelas tecnologias de Inteligência Artificial (IA), são inúmeras, complexas e temperadas com muitas polêmicas e incertezas. Mas não se engane: a automação em massa deverá causar a extinção de muitas profissões nos próximos anos. Sim, é preocupante, porém, assim como aconteceu nas revoluções industriais no passado, muitas profissões devem passar por profundas transformações, além de surgir uma série de outras que sequer imaginamos.
Nesse contexto, há uma constante indagação (ou pelo menos deveria haver) no consciente de muitos profissionais: quais são as chances de eu ser substituído por uma máquina? A resposta não é simples, ainda mais se considerarmos que as tecnologias de IA são capazes de substituir trabalhos físicos e cognitivos. Sabe aquele conceito cinematográfico de robôs que realizam tarefas exclusivamente manuais? Então, robôs são agentes inteligentes que existem no mundo físico e no virtual. Isso significa que todos os profissionais podem ser substituídos? Vejamos!
Na obra Inteligência Artificial, Kai-Fu Lee, um dos pioneiros da IA, afirma: “Embora a IA tenha superado em muito os seres humanos em tarefas estreitas que podem ser otimizadas com base em dados, ela permanece teimosamente incapaz de interagir naturalmente com as pessoas ou imitar a destreza de nossos dedos e membros. Também não se pode engajar em pensamentos em domínios diferentes sobre tarefas criativas ou aqueles que exigem estratégia complexa, tarefas cujas entradas e resultados não são quantificáveis”.
Partindo dos princípios implícitos nessa declaração, Lee cria quatro categorias para o risco de substituição: verniz humano, zona segura, zona de perigo e lento rastejar.
Na categoria verniz humano, estão aquelas profissões em que grande parte do trabalho físico ou computacional já pode ser realizado e/ou apoiado por tecnologias de IA. Entretanto, o elemento interação social é imprescindível e não pode ser substituído. Isso significa que não importa o grau de automação, sempre será necessário um agente humano. Nessa categoria, estão professor, médico, garçom, consultor financeiro, recepcionista de hotel, bartender, guia turístico etc.
Por sua vez, na categoria zona segura, estão as profissões que, apesar de serem passíveis de automação e haver uma série de estudos e propostas, não há no horizonte algo que apresenta grandes riscos. Aqui podemos destacar cuidador de idosos, cabeleireiro, fisioterapeuta, advogado etc.
Na categoria zona de perigo, estão as profissões que certamente irão desaparecer nos próximos anos, pois as tarefas executadas não exigem interação humana e podem ser plenamente executadas por máquinas. Nessa categoria estão contador, caixa de lojas e supermercados, analista de empréstimos, radiologista etc.
Finalmente, na categoria lento rastejar estão as profissões que, apesar de não exigir necessariamente habilidades sociais, dependem da destreza manual e da criatividade, dois aspectos inerentes do ser humano que a IA não pode reproduzir (pelo menos por enquanto). Apesar de haver estudos que sugerem automação parcial, não há propostas de automação em massa para essas profissões. Temos aqui empregada doméstica, motorista, funileiro, cientista, artista, designer gráfico, escritor, médico pesquisador, entre outras.
Convém destacar que as categorizações propostas por Lee têm muita especulação, visto que foram baseadas em estudos que divergem entre si. Todavia, elas levantam sérias discussões sobre formação profissional e carreira. Nesse sentido, vale a pena fazer um exercício de futurologia vislumbrando os próximos 10 ou 20 anos.
Não se engane, os robôs já estão entre nós e querem o nosso emprego!
Prof. Me. Jorge Luís Gregório
Docente da Fatec Jales
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