Na ânsia pelos nichos de mercado, as estratégias de marketing são cada vez mais repensadas e têm procurado envolver todos os perfis de público na divulgação de produtos e serviços. Mesmo sustentadas pela ideologia capitalista, as empresas “acordaram” para o fato de que todos consomem, têm desejos e anseios, isto é, não somente aqueles que estão dentro dos “padrões sociais de beleza”, ditados por uma sociedade excludente, fazem os negócios fluírem.
Entender a diversidade que nos cerca exige que olhemos para além das aparências, ou melhor, para além da cor da pele, do tipo de cabelo, do físico… Na verdade, é um paradoxo termos avançado tanto tecnologicamente e ainda sermos dominados por validações ou invalidações. Martin Luther King afirma que as “pessoas oprimidas não podem permanecer oprimidas para sempre”.
“Os manequins tamanho 38! O modelito na modelo não era para todos, aliás, nem era realmente confeccionado para todos: os plus size não eram cogitados!”
Comecemos pelos cabelos crespos: não se produziam produtos que valorizavam a beleza dos cachos e, para ser mais precisa, não se pensava nesse público! Quando se pensou, olhou-se para os alisamentos: ou se alisavam ou se mantinham as madeixas presas (sufocadas como seus “donos”), como se tivessem que sentir constrangimento. A população negra brasileira (pretos e pardos), ainda conforme o IBGE (2020), representa 54%. É surpreendentemente assustador não enxergar a representatividade desse público para a linha dos cosméticos – como o capitalismo exacerbado tem cegado a todos!
Os manequins tamanho 38! O modelito na modelo não era para todos, aliás, nem era realmente confeccionado para todos: os plus size não eram cogitados! E, por “curiosidade”, sabiam que já existíamos? Acaso não usávamos roupas (idade da pedra para os plus size!)? Dados do IBGE (2020) revelam que mais da metade da população brasileira está acima do peso. Sem dúvida, não podemos negar as muitas causas que sustentam tal índice, mas nosso foco é a reflexão sobre a invisibilidade – por que o comércio têxtil ignorava?
A internet, por meio das mídias e dos diversos gêneros textuais digitais, tem colaborado na divulgação de lojas, de sites e de publicidades que acolhem com muito aconchego esse público até então não notado. Imagens de pessoas famosas e de “pessoas reais” divulgadas no meio digital também têm fortalecido a legítima necessidade da igualdade de oportunidades para todos e para todos os bolsos, inclusive. Publicidades com a temática “linhas étnicas” têm traduzido os desejos desse nicho do mercado com grandes expectativas de crescimento; e todos ganham.
Quando uma empresa pensa em um mercado para TODOS, ela passa a desenvolver potencialmente sua função social e não fica ancorada apenas no lucro. É sempre possível mudar a perspectiva e isso tem, mesmo a passos lentos, sido incorporado mercadologicamente. A cantora Elza Soares declarou que “o mundo é grande demais para não sermos quem a gente é”. Há espaço para mim e para você e o mercado que nos acolha como nós somos!
Prof. Me. Alessandra Manoel Porto
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Docente Fatec Jales – [email protected]