Na clássica obra “Eu, Robô”, publicada em 1950, Isaac Asimov nos apresenta um futuro, até então totalmente utópico, em que homens e robôs convivem na mais perfeita harmonia. No universo imaginado por Asimov, os robôs desempenham tarefas perigosas, tais como mineração de asteroides, além de serem considerados entidades conscientes, respondendo por suas ações. No conto intitulado “Fuga!”, um dos robôs de Asimov causa uma revolução sem precedentes ao criar uma nave espacial equipada com um motor capaz de fazer viagens interestelares.
Na referida obra, também são apresentadas as emblemáticas três leis da robótica, sendo elas: 1) Um robô não pode ferir um humano, ou, por inação, permitir que um humano se fira; 2) Um robô deve obedecer a todas as ordens dadas por um humano, exceto se tais ordens entrarem em conflito com a primeira lei; 3) Um robô deve proteger sua própria existência, a não ser que tal proteção entre em conflito com a 1ª e 2ª leis.
Voltando ao mundo real, o século XXI já é considerado por muitos o século da Inteligência Artificial (IA). De fato, as tecnologias de IA estão em todos os lugares, nas mais diversas formas, não apenas substituindo ou auxiliando profissionais, mas, principalmente, criando oportunidades e evoluindo cada vez mais rápido.
Um exemplo dessa evolução é a IA Generativa (da sigla em inglês GAN – Generative Artificial Intelligence), imaginada por Asimov. Trata-se de tecnologias de IA capazes de criar conteúdos novos e não apenas resolver problemas previsíveis. Isso é possível devido ao uso de grandes quantidades de dados devidamente rotulados, o que possibilita a aplicação de algoritmos de aprendizagem de máquina para que surjam novos dados a partir de dados existentes.
A GAN da empresa NVidia, por exemplo, consegue criar rostos de pessoas a partir do reconhecimento de padrões de diversas imagens. O serviço é disponibilizado no site this-person-does-not-exist.com e, como o nome sugere, todos os rostos gerados são de pessoas que não existem. Impressionante!
Um outro exemplo de GAN é o ChatGPT, da empresa Open AI, já abordado nesta coluna. Essa tecnologia é capaz de gerar respostas precisas a perguntas complexas, economizando horas de navegação pelas páginas de busca do Google. O mais incrível das respostas geradas não é a precisão, mas sim a naturalidade e a legibilidade. Pedi ao ChatGPT para escrever uma redação sobre o campo magnético do planeta Júpiter. Ele simplesmente criou uma redação com introdução, desenvolvimento e conclusão, com informações precisas e relevantes.
A Open AI também assina outra GAN, o Dall-E – trocadilho com Dalí, em referência ao grande pintor espanhol, Salvador Dalí. Essa tecnologia é capaz de gerar imagens a partir de descrições textuais. As imagens no fim da matéria foram geradas a partir das seguintes descrições: “Uma paisagem desértica ao estilo Van Gogh” e “um astronauta cavalgando um dinossauro”.
Isso é assustador, pois a arte de escrever e pintar envolve, além de criatividade, esforço intelectual, concentração e capacidade de abstração, características inerentes ao ser humano e impossíveis de serem replicadas por máquinas. Entretanto, segundo Yuval Noah Arari, historiador e autor do best-seller Homo Deus, as tecnologias de IA estão fazendo com que a inteligência se separe da consciência. Isso possui profundos impactos no futuro das relações sociais e, principalmente, no futuro do trabalho.
De fato, as tecnologias de IA podem e certamente vão substituir muitos postos de trabalho no futuro. Entretanto, essas mesmas tecnologias estão fazendo surgir novas profissões, exigindo capacitação contínua e adaptação. O futuro está acontecendo diante dos nossos olhos!
Prof. Me. Jorge Luís Gregório
Docente da Fatec Jales
www.jlgregorio.com.br