E chega 7 de setembro de novo e é muito bom comemorar a independência do Brasil. Talvez datas assim pudessem nos levar a refletir sobre o quão é importante ser uma nação soberana, mas que se interdepende para que a identidade do povo brasileiro deixe de ser construída e sustentada sobre muitos desafios: racismo, exploração desenfreada do meio ambiente, trabalho informal, baixa qualidade da educação…
Independência remete à liberdade, que, segundo o Dicionário Online, é o “estado ou característica de quem é livre, de quem não se submete”. Ao olharmos para essa definição, parece que temos a sensação de a palavra fazer referência a um lugar sem muros, cercas e até mesmo sem regras; um lugar onde podemos estar, ir e vir, sem nos curvarmos a nada! É, mas não é bem assim.
Construir um país independente é cada indivíduo ser corresponsável. Pensemos: há pessoas em todos os segmentos da sociedade, desde o setor primário ao terciário! Há, portanto, uma dependência existente nessa espécie de rede que se autossustenta e isso precisa ser reconhecido para que um país seja realmente independente.
Milton Santos, geógrafo brasileiro, muito discutiu sobre a cor da pele no Brasil e o olhar enviesado da sociedade, parecendo “classificar” cada brasileiro a postos hierárquico-sociais com base na quantidade de melanina na pele, em que o negro ficaria na base da pirâmide. Liberdade é permitir liberdade ao outro, sem opressão; liberdade para não se submeter ao racismo e nem praticá-lo.
Ser independente é reconhecer depender das reservas naturais tão caras ao povo brasileiro; é cuidar da sustentabilidade como oportunidade de vida; é ser livre para relocalizar a vida nos detalhes mais simples.
E o trabalho decente, como nos torna independentes? Quando garante dignidade que vai além das obrigações legais; quando o trabalhador é valorizado pela sua competência e não pela aparência; quando trabalhador e patrão compreendem também que há interdependência entre eles.
Leandro Karnal, filósofo brasileiro, afirma que “é no conhecimento que existe uma chance de libertação”. Livre, portanto, é uma nação que investe em educação, desde a base até o ensino superior. Educação é um tema amplo e por isso carece de um olhar na mesma proporção, porque é ela que realiza projetos de vida, cessa a fome, dispensa políticas afirmativas que tendem a deixar cativos muitos brasileiros que poderiam ir além (muitas famílias ainda não têm essa consciência). Ela fomenta pesquisa que deixa a nação forte, sem ficar debaixo do jugo de outras.
Por fim, nossa independência brasileira grita por reconhecermos nossa irmandade interna, de compreendermos que estamos interligados e que só assim poderemos avançar como nação soberana, não aos olhos internacionais, mas vívida nos vários brasis dentro do Brasil. É endossar as palavras do saudoso Paulo Freire, educador e sociólogo brasileiro: “ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho: os homens se libertam em comunhão”.
Profa. Ma. Alessandra Manoel Porto
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Docente Fatec Jales – [email protected]