No artigo publicado na semana passada, intitulado “Ainda dá tempo?”, deixamos como reflexão o nosso papel no chamado Antropoceno, período geológico possivelmente desencadeado pelos efeitos danosos causados pela supremacia da raça humana na Terra, acentuados desde a primeira revolução industrial, no século XIX. Conforme mencionado, o planeta passará pela sétima extinção em massa, caracterizada pela extinção de mais de 70% das espécies em até 2.8 milhões de anos, um curto espaço de tempo, considerando o tempo geológico.
Esse artigo buscou estimular reflexões por meio dos seguintes questionamentos, diante do uso irracional dos recursos naturais nos últimos 200 anos: “Quem são os maiores prejudicados? Precisamos responder? Ainda dá tempo de uma reversão? Pense, reflita e responda você mesmo.”
Ora, seria um tanto quanto egoísta pensar que os maiores prejudicados fôssemos nós, seres humanos, uma vez que toda a vida do planeta está em jogo, fora o fato de possivelmente sermos os maiores causadores do problema. Assim, os maiores prejudicados são todos os seres vivos.
Se ainda dá tempo de reverter esse quadro, provavelmente sim. Claro que interromper todos os processos industriais é algo tão impensável quanto bloquear o agronegócio, afinal, sendo simplistas, ninguém quer morrer de fome, correto? Tampouco abandonar o conforto da vida moderna. Mas qual é a saída, então, para a reversão de todo o impacto que temos causado na nossa casinha azul nesses últimos anos?
Bom, um primeiro passo certamente passa pela chamada sustentabilidade, na efetiva essência da palavra. Os sistemas de produção devem ser reinventados, pautados no uso racional dos recursos naturais, na proposição de novos produtos, menos poluentes, mais eficientes e duráveis, no reuso e na reciclagem de materiais.
Por uma série de fatores históricos e sociais, a humanidade se tornou excessivamente consumista e esse consumo já exacerbado, aliado a uma projeção de dez bilhões de seres humanos em 2050, representa uma tragédia anunciada.
Controlar a natalidade é algo extremamente complexo, pois envolve uma série de detalhes incluindo a liberdade/direito humano à procriação. No entanto, o fato de termos mais dois bilhões de pessoas para alimentar e que, inerentemente, devem ajudar a degradar intensifica a necessidade de toda a sociedade agir.
A sustentabilidade deve deixar de ser uma palavrinha bonita utilizada em campanhas de bancos ou empresas de cosméticos para se tornar uma nova diretriz da vida humana. E esse processo passa, claro, pela educação. As escolas deveriam ter uma disciplina em cada ano do ensino básico especificamente voltada ao estudo, entendimento, aperfeiçoamento e desenvolvimento da sustentabilidade, começando por práticas domiciliares até as empresariais. Assim como aprendemos a ler, escrever e a realizar operações matemáticas quando pequenos, deveríamos aprender como sermos sustentáveis.
Infelizmente sou cético com as gerações atuais, mas acredito que as gerações futuras, nascidas a partir desta década, podem iniciar esse projeto de escala global. O problema são as gerações anteriores que ainda ditam as regras do jogo, mas essa é uma outra questão a ser resolvida.

Prof. Dr. Evanivaldo C. Silva Júnior
Docente e Diretor da Faculdade de Tecnologia Professor José Camargo- Fatec Jales
fatecnologia@fatecjales.edu.br

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