Vivemos um tempo de desequilíbrio da natureza, com grandes secas, enchentes, nevascas, tufões. A sociedade, por sua vez, com pandemias, esconde as desigualdades sociais, o desemprego, os sistemas econômicos perversos, o trabalho que remunera mal e cria a indignidade, em países e até Continentes. Essa civilização falida se revela com migrações e guerras por todas as partes. É possível sonhar um mundo diferente?
O Dia Mundial da Paz, dia de Ano Novo, foi instituído pelo Papa Paulo VI em 1967. Em sua 55ª edição, eis a mensagem do Papa Francisco: “Educação, trabalho, diálogo entre as gerações: instrumentos para edificar uma paz duradoura.” Como pode a Educação construir uma paz duradoura? O trabalho responde às necessidades vitais do ser humano em termos de justiça e de liberdade? As gerações são solidárias entre elas? Acreditam no futuro?
Na Solenidade de Cristo Rei, o Papa Francisco presidiu a Eucaristia por ocasião da 36ª Jornada Mundial da Juventude. O Papa, na sua homilia, valoriza o sentido de sonhar. “Um jovem que não seja capaz de sonhar, coitado, envelheceu antes do tempo. Sonhai, sede diligentes e olhai para o futuro com coragem. Obrigado por todas as vezes que cultivais o sonho de fraternidade, por todas as vezes que levais a sério as feridas da criação.”
“Obrigado quando lutais pela dignidade dos mais frágeis e propagais o espírito de solidariedade e da partilha; e obrigado porque, num mundo que tende a sufocar os grandes ideais, não perdestes a capacidade de sonhar. Muitos dos vossos sonhos correspondem aos do Evangelho. A fraternidade, a solidariedade, a justiça, a paz são os mesmos sonhos que Jesus tem para a humanidade”.
A Encíclica Laborem Exercens, o Trabalho Humano, número 6, afirma que Jesus realiza o trabalho pela libertação e dignidade integral da pessoa humana.Trabalho aqui se associa a sonho, a ideal, a utopia. De outro lado, do fruto do trabalho deve emergir o bem comum, que contém a justiça e a dignidade da vida humana. No entanto, o trabalho tem se tornado um instrumento de exploração e sofrimento das pessoas.
As gerações precisam interagir mais, no amor, no altruísmo, no compromisso, na verdade, na busca de um mundo novo. É preciso superar o egoísmo, que conduz à dominação, à exploração. O Rei Jesus não veio para dominar com espadas, com cavalos de guerra, mas reinar com amor, com a doação de vida, pela verdade, justiça e paz. Pare de fabricar armas. Pare de comprar armas. Seja jovem e sonhe criticamente uma Civilização do Amor.
- Padre Antônio de Jesus Sardinha (Vigário Geral da Diocese de Jales)