Após quase ser rebaixado para a Série B em 2021, o São Paulo começou a temporada da mesma forma que terminou; jogando mal, oscilando e com enorme dificuldade de vencer os adversários. Pressionado depois de ser derrotado por Guarani e Red Bull Bragantino, além de empatar com o Ituano, o Tricolor conquistou a primeira vitória em 2022, no confronto com o Santo André, com gol salvador do jovem Marquinhos em mais uma atuação ruim da equipe.
Depois do triunfo, o técnico Rogério Ceni, maior ídolo da história do São Paulo, desabafou em entrevista coletiva sobre a estrutura arcaica do clube. O comandante citou a piscina do Centro de Treinamentos (CT), esvaziada há anos, que encontrou como depósito de mesas e cadeiras.
Ele também pontuou em relação aos jogadores lesionados há semanas que deixam o CT antes das 14h, enquanto o ex-goleiro, na época de atleta, era exemplo a ser seguido e realizava tratamento de manhã, à tarde e à noite para voltar a jogar o mais rápido possível.
Rogério Ceni merece aplausos pela coragem de expor publicamente as situações vexatórias que vê de perto. Enquanto muitos o criticaram, em alguns momentos até de forma correta pelo rendimento ruim da equipe, fica claro que o técnico é o menor culpado em um clube recheado de atletas acomodados e uma diretoria que anda lado a lado com o amadorismo.
Pelas redes sociais, logo após a entrevista de Ceni, ficou claro que grande parte da torcida são-paulina voltou a abraçar o ídolo, algo que não havia acontecido desde o retorno ao Morumbi, em outubro do ano passado. Essa certamente é a melhor notícia da semana para o São Paulo, já que agora, diante da pressão pública do treinador e dos torcedores, atletas terão que se provar dentro do clube, e o presidente Júlio Casares precisa se mexer de alguma forma para atender as exigências da comissão técnica.
Há 15 anos, o São Paulo tinha a melhor estrutura do Brasil em seu CT, oferecendo tudo do bom e do melhor para atletas se prepararem ao lado de profissionais do mais alto nível. Atualmente, comparando apenas com os rivais da Capital, o São Paulo toma goleada e é o clube que tem a estrutura mais ultrapassada.
Rogério Ceni deu o recado e tem bagagem suficiente como jogador e treinador. Dentro de campo, colecionou títulos pelo Tricolor e como técnico revolucionou a estrutura do Fortaleza, que disputa a Libertadores pela primeira vez neste ano, enquanto a equipe do Morumbi assiste pela televisão. Basta o presidente Júlio Casares investir em profissionalismo ao invés de conceder favores a amigos da retrógada política são-paulina. Há uma luz no fim do túnel.

Eduardo Martins (jalesense, jornalista com formação na PUC-Campinas)

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