O desenvolvimento neuropsicomotor normal, é apontado como um processo sequencial e contínuo, tendo relação com a idade cronológica onde o ser humano adquire habilidades motoras que progridem de movimentos simples e desorganizados para habilidades organizadas e complexas (MAIA, et al., 2014).
Após o nascimento, o sistema nervoso central (SNC) continua se desenvolvendo e passa por um processo de maturação. O contato da criança com o meio externo estimula o seu desenvolvimento, seguindo uma etapa neuro-evolutiva: primeiro a criança cria controle da cabeça, depois passa a rolar, em seguida sentar, engatinhar, ficar de pé e andar onde qualquer alteração nesse ciclo indica atraso no desenvolvimento (BRASIL, 2016).
As causas do atraso no DNPM estão relacionadas a problemas apresentados pela mãe durante a gestação, como diabetes, hipertensão, anemia, infecções, uso de álcool e tabagismo. Essas condições favorecem a diminuição do desenvolvimento fetal, a formação do sistema nervoso central, hipóxia fetal e prematuridade (PINTO, MULLER e MEDEIROS, 2019).
Além disso, os fatores de risco estão relacionados também ao ambiente, as condições após o nascimento, as condições de vida da criança e da família. Quando esses fatores são associados, as chances de apresentar atraso no desenvolvimento, aumentam ainda mais. Os estudos também apontam que, as crianças de baixa renda apresentam mais chances de desenvolver atrasos motores, devido a desigualdade de acesso a serviços e condições socioeconômicas, levando a intervenções tardias (SANADA, et al. 2020).
A estimulação precoce, tem como objetivo trabalhar com o desenvolvimento da parte sensório-motora, cognitiva e afetiva da criança e também com a integração dessa mesma criança com a sua família, através de um conjunto dinâmico de atividades, recursos humanos e ambientais que incentivam o seu desenvolvimento. Sendo assim, é definida como uma necessidade humana para o crescimento e o desenvolvimento harmônico, tendo o intuito de evitar, prevenir ou reabilitar os efeitos das deficiências e suas consequências (SILVA, 2017).
A abordagem multidisciplinar, é fundamental para a intervenção do quadro de atraso do desenvolvimento neuropsicomotor, sendo também necessário o acompanhamento fisioterapêutico. A atuação do fisioterapeuta é delineada a partir da detecção de padrões anormais de desenvolvimento, na atenção primária através de ações de promoção à saúde para a detecção precoce, prevenção de sequelas e reabilitação (CEOLIN, et al., 2016).
Segundo Almeida et al., 2019 a fisioterapia possui inúmeras abordagens, como técnicas manuais, instrumentais e cinéticas que podem ser aplicadas de forma isolada ou associada a métodos lúdicos, permitindo a evolução do desenvolvimento motor infantil. Além de estimular o desenvolvimento neuropsicomotor, a fisioterapia também aumenta a interação do terapeuta com o paciente e o contato entre mãe e filho.
O tratamento fisioterapêutico no atraso do DNPM envolve técnicas de estimulação motora e sensorial. O conceito Bobath se mostra eficaz durante o tratamento, pois estimula a normalização do padrão motor presente na criança, nas mudanças de decúbito e facilitação para realizar movimentos. Dentro da técnica também são englobados estímulos visuais, sonoros e táteis para aumentar a interação do paciente com o meio externo (FERREIRA, 2020).
Os alunos do 9° semestre de fisioterapia são capacitados durante a formação para o atendimento de crianças com Atraso no Desenvolvimento Neuropsicomotor (DNPM). Este serviço está disponível a toda população nas Clínicas Integradas da Fundação Educacional de Fernandópolis.
Coordenadora do Curso: Luciana Marques Barros.
Docentes Supervisoras: Grasiela Amato de Freitas Gomes, Rosana de Fátima Garbin.
Discentes: Angélica Bastos de Souza, Larissa Fernanda dos Santos, Laura Gasques Contin.
Referência bibliográficas
ALMEIDA, T. R. et al., Fisioterapia Motora no desenvolvimento neuropsicomotor Infantil. Rev. Mult. Psic. V.13, N. 48 p. 684-692, 2019. Disponível em: <https://idonline.emnuvens.com.br/id>. Acesso em: 11 fev. 2022.
BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes de estimulação precoce em crianças de 0 a 3 anos com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. Brasília, 2016. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_estimulacao_criancas_0a3anos_neuropsicomotor.pdf>. Acesso em: 9 fev. 2022.
CEOLIN, T. et al., Atuação da fisioterapia no desenvolvimento neuropsicomotor de uma criança prematura limítrofe: estudo de caso. Salão do Conhecimento UNIJUÍ 2016. Disponível em: <https://www.publicacoeseventos.unijui.edu.br/index.php/salaoconhecimento/article/view/6527>. Acesso em: 11 fev. 2022.
FERREIRA, L. L. de L., Efetividade do tratamento fisioterapêutico na criança com Síndrome de Down – revisão sistemática. 17f. 2020. Unicesumar – Universidade Cesumar: Maringá 2020. Disponível em:
<https://rdu.unicesumar.edu.br/handle/123456789/7408>. Acesso em: 20 fev. 2022.
PINTO, S. S; MULLER, J. E; AMARAL, M. C. A. Causas de origem obstétrica ou materna relacionadas ao atraso no desenvolvimento neuropsicomotor de crianças avaliadas pela escala CAT/CLAMS. Arquivos Catarinenses de Medicina, v. 48, n. 3, p. 02-13, 2019. Disponível em: <http://acm.org.br/acm/seer/index.php/arquivos/article/view/410>. Acesso em: 10 fev. 2022.
SANADA, L. S. et al. Crianças com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor: o papel da atenção primária à saúde. UFSC, Florianópolis-SC, 2020. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_estimulacao_criancas_0a3anos_neuropsicomotor.pdf>. Acesso em: 11 fev. 2022.
SILVA, C. C. V. et al. Atuação da fisioterapia através da estimulação precoce em bebês prematuros. Rev. Eletrôn. Atualiza Saúde, v. 5, n. 5, p. 29-36, 2017. Disponível em: <https://atualizarevista.com.br/wp-content/uploads/2017/01/Revista-Atualiza-Saude-v-5-n-5.pdf#page=30>. Acesso em: 8 fev. 2022.
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