No próximo dia quinze de fevereiro, após quase dois meses de férias escolares, educadores e estudantes das escolas públicas estaduais retornam às aulas e tem início mais um ano letivo. Neste importante momento, a fim de tornar o processo, de chegada para alguns e de retorno ou reinício para outros, mais exitoso e feliz, algumas observações e cuidados são necessários, embora muitos digam que já sabem bem que medidas deverão ser tomadas.
No caso dos pais, eles já sabem que deverão organizar novamente a rotina de horários e de ambientes propícios para a retomada dos estudos, providenciar o material escolar solicitado pelos professores, apoiar e acompanhar os estudantes em sua adaptação à nova realidade ou nova etapa de estudos e garantir a frequência diária deles à unidade escolar.
Os estudantes, muitos ansiosos, outros nem tanto, também já sabem que vão ter que melhorar a rotina do sono, abandonada durante as férias, já que estudos científicos comprovam que uma noite bem dormida melhora o desempenho escolar. Além disso, os estudantes também já sabem que terão que organizar seus horários, materiais e ambientes de estudo em casa, precisarão se adaptar aos novos professores e grupos de amigos, além de buscar controlar o estresse inicial do retorno, que envolve um misto de ansiedade, preocupação e, principalmente, desânimo diante da mudança da rotina.
Já os educadores, antecipadamente ao dia do retorno, reúnem-se com a equipe gestora para o devido planejamento escolar, elaboração de documentos, organização dos materiais pedagógicos e, acima de tudo, preparação para o bom acolhimento dos estudantes em seus primeiros dias de aula e de contato com os componentes curriculares, a fim de se garantir que todos possam aprender bem e desenvolver um sentido de pertencimento à escola. Os professores também neste momento, por um motivo lógico profissional, focam suas atenções no preparo de aulas atrativas e adequadas aos estudantes em cada nível e etapa de estudo, para cada turma e cada aluno em particular, buscando utilizar metodologias e técnicas de ensino diferenciadas para cada caso.
Um ponto a destacar aqui é que nesse trabalho de acolhimento inicial, os professores precisam envolver-se para conhecer não só a realidade social e familiar de seus alunos, como também, a maneira de ser de cada um, como cada um pensa, reage e, principalmente, aprende. Além disso, o professor vai precisar também avaliar quanto cada aluno sabe para a partir daí propor o desenvolvimento do currículo, dos estudos e da aprendizagem, observando o nível de conhecimento e desempenho cognitivo de cada aluno. Trata-se de um trabalho exaustivo esse, que requer esforços de todos os envolvidos, que precisam entender que sem este envolvimento professor, aluno, pais e comunidade, não é possível realizar um trabalho educacional de qualidade.
Resumindo, em matéria de educação, envolvimento é fundamental. E, parafraseando aqui Paulo Freire, a educação deve ocorrer através do diálogo, em que professor e aluno sejam igualmente sujeitos do aprendizado, de maneira que o conhecimento que o aluno já possui seja tão importante quanto aquele que o professor traz consigo, o que possibilita uma construção conjunta de saberes. Para isto, professores, pais e alunos precisam entender que “o diálogo é uma necessidade existencial”. Todos precisam retornar às aulas dispostos e abertos ao diálogo constante. O contato dos pais com os professores também precisa ser reforçado. Nesse trabalho de se envolverem mutuamente, todos se transformam e os processos educativos que permeiam a vida em todos os seus aspectos, inclusive na escola da vida, atingem seu propósito plenamente.
Marcos Humberto Paulon de Lima
(CGPG da EE. Prof. Akió Satoru de Urânia-SP. Escritor de dois livros: “A Dinâmica da Aula – Reflexões sobre as dimensões da prática pedagógica” e “O Estudante Feliz”.)