Tão logo um Rei falece, seu sucessor assume o trono rapidamente. Foi assim, há alguns meses, com Charles, que assumiu o trono britânico após a morte da Rainha Elizabeth II. Com Pelé não será assim. Sua coroa nem vaga ficará.
Desde muito novo, Pelé fez questão de separar o homem do jogador. Coisa de gênio. Edson é humano, cometeu erros e acertos como todos nós. Falou besteiras, pediu desculpas, fez coisas bonitas e coisas horríveis, enfim, foi uma pessoa normal. Pelé não…esse foi perfeito!
Era preto num esporte e em um país predominantemente racista. A simples existência de Pelé já foi uma resistência, há quem diga. Mas ele foi além, bateu recordes, ganhou 3 Copas do Mundo, enfileirou títulos com o Santos e ficou conhecido no mundo todo. Foi recebido por Papas, Presidentes da República, Reis e Rainhas. E todos lhe faziam reverência.
Virou o maior atleta de futebol de todos os tempos. O brasileiro mais conhecido e importante no mundo. Todos queriam uma foto, um abraço, um autógrafo, o que nunca lhes foi negado. Coisa de Rei. Coisa de quem nasceu pronto para ser Rei.
O Santos existe hoje por conta de Pelé ou o Pelé existiu por conta do Santos? Como santista, tenho uma certeza: nasceram um para o outro. Predestinados a se cruzarem e desafiarem o mundo. Um time de uma cidade praiana que ganhou tudo que se podia imaginar, algo impensável antes do Rei aparecer. Chegaram até a parar uma guerra, feito que era descrito como seu maior orgulho.
Edson andava cansado, doente, acometido por um câncer de cólon, e teve um descanso merecido depois de tanto tempo ajudando a levar Pelé por todo o mundo. Enquanto isso, o Rei, apaixonado por sua coroa, deixou claro que nunca nos deixará.
Cabe a cada um de nós, apaixonados por futebol, explicar e mostrar aos filhos(as) e netos(as), filmes e vídeos do que um brasileiro, preto, vindo do interior de São Paulo, foi capaz de fazer. Não deixar essa memória se esquecer.
Se hoje os jogadores ganham altos salários e são conhecidos por todo lugar, quem começou tudo isso foi Pelé. A ausência de atletas de antigas e atual Seleção Brasileira, na minha opinião, não fizeram falta. Quem o Rei reverenciava estava lá: o povo brasileiro, cheio de amor pra retribuir todas as alegrias recebidas.
E mesmo sem planejar, ele conseguiu mais uma proeza: colocou na Vila Belmiro torcedores de todos os times do país, devidamente trajados, sem que houvesse uma única confusão. Ao contrário, todos se abraçando e celebrando Pelé. Algo impensável em tempos de jogos de torcida única nos estádios por conta da violência.
Se tem uma coroa que jamais trocará de mãos e nem ficará vaga, é a do Rei Pelé!!! Pelé é Eterno!!!
Obrigado, REI.

  • Tiago Abra ( É santista, jornalista e pelezista)

Comments are closed.