Aquela cervejinha das confraternizações ou aquele Chopp de fim de tarde parecem inofensivos, mas só parecem, pois o assunto é sério, bem mais sério do que podemos imaginar. Mais de 4% das mortes do planeta envolvem o uso de álcool. Isso representa uma média de 2,3milhoes de mortes ao ano.
Vamos fazer aqui o trajeto do álcool no organismo. Logo nos primeiros goles o álcool chega no estomago, cai na corrente sanguínea e rapidamente chega no cérebro. O álcool logo se transforma em um composto venenoso, o acetaldeído, resultado da presença de uma enzima do fígado que tenta digerir o álcool. Se a ingestão for pequena a glutationa também presente no fígado já degrada essa substância venenosa, porém quando acaba a glutationa do fígado, o acetoaldeido fica na corrente sanguínea provocando um estrago por onde passa.
O excesso de acetoaldeído na corrente sanguínea aumenta o risco de hipertensão arterial, derrame, fadiga muscular, náuseas, irritação gástrica e dor de cabeça. O álcool afeta diretamente o sistema nervoso central, causando perda de reflexo, déficit de atenção e perda de memória, sonolência e tudo isso com maior intensidade quando o uso do álcool é crônico.
O álcool libera adrenalina aumentando a frequência cardíaca. No fígado altera a produção das enzimas, o ritmo do metabolismo, ocasionando inflamação crônica, hepatite e cirrose. Já o estômago sofre diretamente com a irritação local aumentando a gastrite, esofagite e diarreia. Os rins sofrem com o efeito diurético do álcool, ficando sobrecarregado e diminuindo a eficácia da filtragem dos fluidos.
E é no estômago e intestino que ocorre as alterações mais crônicas relacionadas ao uso rotineiro do álcool, ali ocorre a irritação local e alteração da mucosa gástrica e do epitélio intestinal, prejudicando de forma permanente a absorção de nutrientes como o ferro, vitaminas do complexo B e vários minerais.
Vale ressaltar que mulheres e obesos, assim como idosos sofrem de forma mais intensa todos esses efeitos relatados acima devido algumas peculiaridades do metabolismo.
O ideal seria não ingerir bebida alcoólica, e em hipótese nenhuma a ingestão crônica, mas no caso da ingestão eventual é possível minimizar os danos bebendo devagar para facilitar a eliminação pelo fígado, ingerir muita água nos intervalos, usar alimentos que equilibrem o ph sanguíneo e intestinal no dia seguinte e reposição da flora intestinal, que é basicamente frutas, verduras, legumes e lactobacilos.

Dra. Eliane Cervantes (Médica nutróloga - Clínica Top Body)

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