Educar uma criança exige muita dedicação, especialmente quando se trata de educar com amor, respeito, confiança e autonomia. As vezes na ocasião do “desejo” de se ter um filho isso nem lhe passa pela cabeça!
Entretanto precisamos entender o impacto de nossas atitudes durante a primeiríssima infância, pois essa fase não volta mais e é a base da vida humana, principalmente no seu aspecto mental e emocional. As crianças afastadas de suas mães por tempo prolongado, nas primeiras fases do desenvolvimento, apresentam maiores possibilidades de desenvolver condições de vida mental que lhes torne mais sensíveis aos fatores estressores do meio, segundo estudiosos.
É durante a primeira infância que o cérebro humano desenvolve a maioria das ligações entre os neurônios. Até os 3 anos de idade, as cerca de 100 bilhões de células cerebrais com as quais uma criança nasce desenvolvem 1 quatrilhão de ligações. O número é o dobro de conexões que um adulto possui. Aos 4 anos, estima-se que a criança tenha atingido metade do seu potencial intelectual. Sabe-se que presença física não é o mesmo que a presença emocional. Estar disponível afetivamente e emocionalmente é o que fortalece não somente uma criança, mas qualquer ser humano. Oferecer os cuidados básicos como alimentação e higiene não garante o bem-estar físico e psíquico da criança. O que traz saúde mental, autoestima e autoconfiança é estar por perto de corpo e de alma, escutar com atenção, olhar nos olhos, demonstrar desejo de estar por perto. É saber ouvir de modo antigo o que se passa no imaginário da criança. É saber acalentar, é saber brincar.
Quando você, adulto, se distrai com seus aparelhos eletrônicos por longos minutos ou horas na presença da criança, a mensagem clara que você sinaliza é que “ela” não é relevante, ou até mesmo interessante ou importante. Pois assim nós adultos nos sentimos quando queremos a atenção de alguém e o mesmo só dá atenção ao celular ou outro dispositivo digital qualquer.
É sobre “olhar e se importar” que eu estou falando. Como seres humanos temos a necessidade de nos sentirmos parte importante do meio em que vivemos. Precisamos de amor, cuidados e atenção para nos sentirmos seguros e integrados. E as crianças necessitam disso muito mais para se sentirem vistas, desejada, seguras.
Isso não quer dizer que você precisa ficar disponível emocionalmente o dia todo, mas é importante dedicar alguns momentos do nosso dia com uma real presença e disponibilidade emocional. É ela que abastecerá seu filho da sensação de ser amado e cuidado por você. É isso que o ajudará a se sentir mais calmo, seguro, protegido e amado. A saúde mental do bebê inicia-se no ventre materno, não se distraia, pois o celular não fará o seu papel.
- Jane Maiolo (Gestora em Educação Infantil, Psicanalista Clínica, Pós-graduada em Psicopedagogia)