Ao longo dos últimos 23 anos, o Fórum da Cidadania, instância comunitária formada por entidades de classe, clubes de serviço, associações profissionais, instituições filosóficas e diocese, tem prestado relevantes serviços à cidade.
Nascido quase por acaso na esteira de uma série de editoriais intitulada “Acorda, Jales”, publicados na capa deste jornal entre 1998 e 99, um assinante, o então juiz de direito Pedro Manoel Callado Moraes, jalesense de coração, ponderou ao diretor do J.J. que aquelas ideias expostas nos textos não poderiam se perder.
A partir daí, com a adesão inicial das lojas maçônicas Coronel Balthazar e Marechal Rondon, Subseção da OAB e Associação Comercial e Industrial, as lideranças comunitárias sentiram que havia espaço para a atuação das chamadas forças vivas e atuantes, o que motivou clubes de serviço e associações profissionais a engrossarem as fileiras daquele grupo.
Os fundadores decidiram que o Fórum não teria diretoria formal, mas uma coordenação, nem data fixa de reunião, encontrando-se na medida das necessidades. Também ficou estabelecido que os integrantes seriam rotativos, ou seja, substituídos anualmente, de acordo com o calendário de cada entidade.
Ao longo dessas quase duas décadas e meia, todas as grandes mobilizações tiveram o apoio e, em alguns casos, até a liderança do Fórum da Cidadania.
A conquista mais recente ainda está viva na lembrança dos jalesenses. Quando começaram a circular rumores de que a Delegacia da Polícia Federal em Jales seria extinta, integrantes das 17 entidades que compõem o grupo entraram em campo, motivando até mesmo juízes da Circunscrição Judiciária e promotores públicos da região a subscreverem o documento elaborado.
De posse daquela robusta demonstração de vontade das lideranças comunitárias, o prefeito Luís Henrique Moreira, ao receber o material, abraçou a causa, embarcou para Brasília e entregou todos os documentos ao recém-empossado ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira. Resultado: a Polícia Federal continuou em Jales.
Na semana que passou, eis que, acionados por contribuintes insatisfeitos com os valores inseridos nos carnês do IPTU em função da instituição de novas taxas e contribuições relativas a resíduos sólidos, os representantes de entidades que compõem o Fórum, em reunião virtual realizada na noite de quarta-feira, dia 19, decidiram ouvir a voz das ruas e ir à luta de forma civilizada no formato de projeto de iniciativa popular a ser enviado à Câmara. Tal mobilização faz lembrar versos do poeta português Fernando Pessoa repetidos à exaustão neste mesmo espaço: “separados somos nada/juntos somos arco e somos flecha”.

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